O suplício de um oitentão
apaixonado
1. Em uma de minhas crônicas, que repousa neste site, falei, de leve, sobre um oitentão namorador, seus romances, suas conquistas amorosas, etc., etc. Tracei, em pequenas linhas, o seu perfil e revelei detalhes da conversa que tivemos no bar Veneza, tomando uma cervejinha.
2. Terminei, porém, aquela crônica, chamando-a de crônica mentirosa. Mentirosa, esclareço, porque o oitentão nunca existiu e, por isso, nosso encontro jamais poderia acontecer. Inventara toda aquela história.
3. A crônica mentirosa, que eu escrevera com tanto cuidado e prazer, cumpriu, porém, a missão que lhe reservara, ou seja, a de confirmar que, ao contrário do que muita gente pensa e propala, os oitentões sabem amar mulheres mais novas do que eles.
4. Vejam. Publicada a minha crônica mentirosa, choveram mensagens, via WhatsApp, e-mail e Messenger, elogiando a "coragem" do cronista em mostrar, quebrando preconceitos, a capacidade que têm os oitentões de amar mulheres jovens. Nada de vê-los como candidato a corno.
5. Um cidadão, no momento morando na Austrália, num WhatsApp sucinto e franco, disse que vive com uma mulher com trinta anos de idade, ele com oitenta e três. E assegura: "Olha, ela não é nem minha babá nem minha enfermeira. Ela é minha amante; amor de todas as horas; na cama, inclusive". Lindo, né mesmo?
6. Outro cidadão, com oitenta e cinco anos, morando em São Luís do Maranhão, leu a crônica mentirosa, e, por um e-mail longo e convincente, falou-me de sua felicidade plena, vivendo maritalmente com uma jovem que podia ser sua filha mais velha.
7. A verdade é que, dezenas de coroas, de oitenta pra lá, morando em lugares distantes, me procuraram para dizer o quanto são felizes cultivando relacionamento amoroso com mulheres novas e viçosas.
8. Entre as mensagens recebidas, descobri uma que me deixou pesaroso pelo que sucedeu com o oitentão que me escreveu. Confessa o "revés amoroso" que sofrera, aos oitenta e três anos. Conclui, considerando-se vítima de uma "trapaça da sorte".
9. José e Maria. José com oitenta e três anos e Maria com trinta anos. José conheceu Maria, uma viuvinha simpática, no local onde a moça trabalhava.
10.De repente José apaixonou-se por Maria. Mui reservada, Maria não dava a entender que a paixão de José seria por ela correspondida. Mesmo assim, José deliciava-se com o sorriso de Maria, às vezes desconfiado, às vezes tímido...
11. Até que um dia, José soube que Maria estava namorando. Não teve mais nada a fazer. Mas continuou frequentando a delicatssen que Maria trabalhava... Só para vê-la...
12. A um amigo José contou sua dolorosa experiência. Ao ser perguntado por Maria, respondeu: "Ela está nos braços de outro, indiferente à minha saudade!".
E digo eu: fora o suplício de um oitentão apaixonado...
apaixonado
1. Em uma de minhas crônicas, que repousa neste site, falei, de leve, sobre um oitentão namorador, seus romances, suas conquistas amorosas, etc., etc. Tracei, em pequenas linhas, o seu perfil e revelei detalhes da conversa que tivemos no bar Veneza, tomando uma cervejinha.
2. Terminei, porém, aquela crônica, chamando-a de crônica mentirosa. Mentirosa, esclareço, porque o oitentão nunca existiu e, por isso, nosso encontro jamais poderia acontecer. Inventara toda aquela história.
3. A crônica mentirosa, que eu escrevera com tanto cuidado e prazer, cumpriu, porém, a missão que lhe reservara, ou seja, a de confirmar que, ao contrário do que muita gente pensa e propala, os oitentões sabem amar mulheres mais novas do que eles.
4. Vejam. Publicada a minha crônica mentirosa, choveram mensagens, via WhatsApp, e-mail e Messenger, elogiando a "coragem" do cronista em mostrar, quebrando preconceitos, a capacidade que têm os oitentões de amar mulheres jovens. Nada de vê-los como candidato a corno.
5. Um cidadão, no momento morando na Austrália, num WhatsApp sucinto e franco, disse que vive com uma mulher com trinta anos de idade, ele com oitenta e três. E assegura: "Olha, ela não é nem minha babá nem minha enfermeira. Ela é minha amante; amor de todas as horas; na cama, inclusive". Lindo, né mesmo?
6. Outro cidadão, com oitenta e cinco anos, morando em São Luís do Maranhão, leu a crônica mentirosa, e, por um e-mail longo e convincente, falou-me de sua felicidade plena, vivendo maritalmente com uma jovem que podia ser sua filha mais velha.
7. A verdade é que, dezenas de coroas, de oitenta pra lá, morando em lugares distantes, me procuraram para dizer o quanto são felizes cultivando relacionamento amoroso com mulheres novas e viçosas.
8. Entre as mensagens recebidas, descobri uma que me deixou pesaroso pelo que sucedeu com o oitentão que me escreveu. Confessa o "revés amoroso" que sofrera, aos oitenta e três anos. Conclui, considerando-se vítima de uma "trapaça da sorte".
9. José e Maria. José com oitenta e três anos e Maria com trinta anos. José conheceu Maria, uma viuvinha simpática, no local onde a moça trabalhava.
10.De repente José apaixonou-se por Maria. Mui reservada, Maria não dava a entender que a paixão de José seria por ela correspondida. Mesmo assim, José deliciava-se com o sorriso de Maria, às vezes desconfiado, às vezes tímido...
11. Até que um dia, José soube que Maria estava namorando. Não teve mais nada a fazer. Mas continuou frequentando a delicatssen que Maria trabalhava... Só para vê-la...
12. A um amigo José contou sua dolorosa experiência. Ao ser perguntado por Maria, respondeu: "Ela está nos braços de outro, indiferente à minha saudade!".
E digo eu: fora o suplício de um oitentão apaixonado...