Grandes lições lavando louça
Sempre fui um mal lavador de louça.
Por mais que tivesse boa vontade e empenho, regularmente deixava um rabicho de gordura ou sujeira, rastro que carimbava na minha testa um estrondoso INCOMPETENTE, incapaz de cumprir com eficiência a atividade prosaica que qualquer cidadão faria com pé nas costas.
Confesso que esse rótulo era incômodo e, repetidamente, apresentava o mesmo resultado quando me propunha a deixar tudo em pratos limpos - literalmente falando.
Caramba: usava a mesma esponja e o mesmo detergente dos demais, tenho mãos normais e visão boa com ajuda dos óculos.
Qual era o problema? Onde estava esse defeito operacional num trabalho doméstico básico que não exige pós-doutorado pra ser feito corretamente?
Hoje caiu a ficha: eu fazia tudo rápido demais.
Não que tivesse pressa de acabar, mas deixava no piloto automático e ele se encarregava da gestão da atividade, que não passava pelo crivo do cérebro, que poderia dar um "calma", um "reduza o ritmo".
Hoje resolvi assumir o controle da situação, por mais absurdo que possa parecer.
E reduzi o ritmo. Fiz devagar, com calma, com cuidado, observando cada detalhe com a devida atenção.
Resultado: tudo ficou limpo, tinindo, gostoso de ser usado de novo e refratário às tradicionais observações/críticas que, dessa vez, terão que buscar outro alvo pra descer o cacete.
Esse relato pessoal e absolutamente sincero talvez possa ajudar outros "mal lavadores de louça" que executam certas tarefas de forma capenga, errando no tom, na resposta, na entrega. E pagando o preço disso.
Lavar louça é mero exemplo, cada um poderá vestir a carapuça como bem entender, porque todos nós temos situações em que pisamos na bola repetidas vezes pelo simples fato de deixarmos a coisa rolar mecanicamente, sem buscar a raiz do problema e achando que sempre foi assim e, portanto, sempre terá que ser assim.
Que nada!
O mundo perdeu hoje um lavador de louça meia-boca que aprendeu uma grande lição colocando detergente num copo sujo.