O papa-capim na janela das recordações
Quando era menino, quase virando adolescente, criava passarinho engaiolado. O quintal da minha casa era cheio de cardeal, pintassilgo, coleiro, canário da terra e papa-capim. Um dia o meu pai foi nos visitar e ficou emocionado com o canto dos passarinhos. Foi na cozinha, pegou uma caneca de café e me chamou ao canto do quintal
- Meu filho, os pássaros foram feitos para cantar livres!
Dito isso, abriu a porta de todas as gaiolas e deu fuga aos pássaros. Um a um, saíram voando tímido, mas depois sentiram firmeza e ganharam o infinito, em pleno gozo da liberdade. Abri o berreiro do inconformismo. O meu pai, delicadamente puxou o cinto da cintura e me deu uma memorável surra, alegando motivos reais para chorar.
E nesse dia da libertação dos pássaros nasceu em mim a consciência ecológica. Pena que nenhum deles voltou para cantar à minha janela, como o papa-capim cantou para a moça de Itagibá, Joyce Lima.
Diz a lenda que é ela quem ensina os pássaros a cantar.