E mais lágrimas...

E mais lágrimas...

O banho de lama sempre lavou a ética e limpou a conduta em conluios para benesses individuais. O que Vale? Vale! Não “vale” a vida dos que se foram e dos quem morrem agora e amanhã em vida. Não “vale” o grito silencioso dos rios e matas sangrando o seu verde. Não “vale” os olhos dos animais vítimas da imprudência e ganância. Vale sim! Vale!

A barragem rompeu e levou o verde esperança com ela. Quem pagará o preço que não tem?

Assistimos a uma tragédia (Mariana) e o filme se repetiu e terá mais repetições. Será que é preciso continuação desse espetáculo macabro para que a competência e a responsabilidade sejam impostas? Leis flexíveis, punições pueris; tudo respalda o crime contra a vida. E a vida? Para quê vida?

Respostas que morrem conjuminadas com a tragédia. Quem pagará a conta do desastre? Decerto, aqueles que não tiveram a chance de continuar. Certamente, os que lavarão a terra com as lágrimas das perdas. A conta será paga por todos, menos pelos responsáveis diretos ou indiretamente.

A natureza reclama, ninguém ouve, ninguém ouviu, ninguém ouvirá! A surdez é sintoma da ganância humana; doença. Enquanto isso, a culpa é mensurada em um número, na qual, quita-se a tragédia com um valor subtraído da natureza e devolvido de maneira vil.

Os rejeitos se espalharam misturados com perdas, mortes e, nessa pororoca trágica, a lágrima lavará a sujeira e limpará a imundície provocada pela omissão. O que nos resta? Mais lágrimas e mais lágrimas e mais lágrimas e mais lágrimas... e mais lágrimas...

Mário Paternostro