PERNAMBUCANIDADE
Há certas coisas que devemos preservar por mais que sejamos futuristas e adeptos da modernidade.
A tradição de um povo é algo imaterial, mas que caracteriza a maneira de ser, os costumes, a entonação do palavreado e principalmente a culinária.
Depois de sete anos de ausência, tive a satisfação de voltar a Pernambuco para renovar o sotaque, rever amigos e sentir o acolhimento do povo de minha terra natal e, como não poderia deixar de acontecer, fui procurar o bolo de rolo que é um dos marcos da identidade pernambucana.
Claro que ainda existe o tradicional, massa de pão de ló, fininha com a goiabada entre suas voltas e o açúcar pulverizado por cima para deleite dos apreciadores das boas coisas da vida.
Infelizmente, iconoclastas desavisados estão cometendo o desatino de fazer o recheio do maravilhoso bolo com doce de leite, açaí, morango, chocolate, beijinho de coco, nutela e outros lobisomens além de cobri-lo com generosas porções de leite condensado.
Acredito que chegou o momento dos verdadeiros pernambucanos fazerem o mesmo movimento que fizeram os italianos para preservação das legítimas receitas dos queijos parmesão, da pizza e do molho bolonhesa.
Que as pessoas de gosto duvidoso continuem consumindo bolos do tipo rocambole com os recheios que lhes apetecerem, mas que o nome BOLO DE ROLO seja exclusivo para a receita tradicional assim como para a TAPIOCA DE COCO (seca ou ensopada) e o bolo SOUZA LEÃO.