Fossa ambulante.
Vamos falar de mau hálito. Realmente existem pessoas que não sabem que tem mau hálito, a famosa “boca de fossa”, talvez em toda a sua vida ninguém deva ter dito isto para estas pessoas, considerando ser algo constrangedor.
Pego o trem Alfa Pendular na Gare do Oriente em Lisboa, escolho a classe conforto, ao me sentar eis que me aparece um homem vindo no corredor à procura de seu número de assento o que para a minha surpresa era ao meu lado.
Percebi que nos cantos da boca deste homem havia aquela espuma de cuspe que se junta e que não tinha o cuidado de limpar.
Ao se sentar e dizer: “Boa tarde” a classe conforto passou de primeira classe para a quinta classe desconforto.
A princípio achei que a tampa de uma fossa ou de um esgoto tivesse se aberto, foi aí que eu percebi que se tratava de mau hálito mesmo.
O pior é que quem tem mau hálito não sente que tem, pois as condições olfativas já se acomodaram de tal forma que o sujeito não se toca.
O vagão da classe conforto foi ficando cada vez mais insuportável e principalmente para quem ia próximo deste ser vivo em decomposição, na verdade eu acho que este homem havia morrido e esqueceram de o enterrar.
E o homem falava pelos cotovelos, uma verdadeira metralhadora giratória, era como se ele tivesse a necessidade de jogar mesmo a merda no ventilador.
Ao sorrir vi que possuía muitas cáries.
Foram duas horas mergulhado na mais pura merda, nunca acreditei no inferno mas a partir deste momento passei a acreditar que quando alguém ruim morre é para o inferno que vai, onde o mesmo é maquiado de muito conforto, mas satã muito ardiloso põe uns diabinhos da boca de fossa do nosso lado para nos torturar.
Ao fim desta viagem aprendi que a mesma foi uma lição para que eu aprenda a ser mais bonzinho e generoso.
Agradeci ao universo na certeza de que não quero ir para o inferno, se você já passou por esta prova de fogo diga AMÉM!
#vsnocotidiano