ROMA


Resolvi não escrever uma resenha sobre o filme, mas falar da maneira como ele interagiu comigo. Quando vi a chamada para o filme na Netflix, cliquei e então percebi que seria em preto e branco. Na primeira cena, intermináveis minutos de uma vassoura varrendo e lavando um piso, bolhas de sabão e ruídos de água. Achei: "Este filme deve ser chatíssimo!" imediatamente, sem dar uma chance sequer, saí do filme e procurei por outro.

Fiquei sabendo, dias depois, que ele tinha sido indicado ao Oscar, e decidi dar-lhe outra chance. Uma decisão inteligente! ROMA é um filme bonito e comovente, e logo que começamos a fazer parte da história, nos esquecemos de que ele foi feito em preto e branco. Quando ele termina, nos damos conta de que não ser colorido tornou-o um filme perfeito, já que a história se passa nos anos 70. 

A todo momento, eu me vi criança em várias daquelas cenas. A interação entre adultos, crianças e cães me fez lembrar da minha própria infância. As férias na casa dos tios me levaram de volta a um sítio que frequentávamos, e que pertencia a conhecidos. Todos juntos. Um grande número de pessoas, amigos e familiares juntos, desfrutando da vida. A gente olha para os objetos - um simples copo na janela com colheres dentro, um vaso de plantas meio-quebrado, aparelhos de rádio e TV - e pensa: "Tinha um parecido lá em casa!" O filme é isso.

Não existem cenas exageradamente dramáticas. Todo o drama da história parece real, não encenado. Não há exageros ou arrebatamentos. A vida, na medida certa e verdadeira. 

ROMA me fez pensar nas minhas perdas, e no quanto a gente precisa se readaptar, se redefinir para continuar a vida, deixando para trás o que foi embora e olhando para os lados, para o que ficou, o que ainda temos (e que não é pouco). É um filme que nos fala sobre continuar.

Se vale a pena? Vou assistir novamente no final de semana.



Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 25/01/2019
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