Uso obrigatório do capacete
Vivemos numa sociedade onde as pessoas para se deslocarem de um lugar para o outro, sem um meio de transporte pessoal, fazem-na com muita dificuldade, apesar de haver viaturas particulares que fazem serviço de táxi. Acontece que essas viaturas não são imediatas e não circulam em todas artérias da cidade, o que faz com que muitos funcionários chegam atrasados nos seus locais de serviço e muitos estudantes perdem aulas. Assim, atendendo as dificuldades de locomoção dos munícipes e, para se evitar atrasos, por parte dos mesmos nos seus compromissos, surgiram homens empreendedores que com uma motorizada passaram a prestar também serviço de táxi, minimizando o sofrimento das pessoas pois, diferente dos carro-táxis que transportam muita gente e com destinos diferentes, os moto-taxistas levam o passageiro directamente ao destino pretendido. Com isso, foram surgindo muitos motoqueiros nesse negócio e, infelizmente, alguns sem experiencia de condução que foram pondo em risco a vida própria e de muitas pessoas, passageiras ou não. Então, a Polícia na sua função de prevenção, obrigou o uso de capacete aos motoqueiros, de maneiras que, em caso de acidente, haja maior proteção da cabeça e consequentemente a probabilidade da pessoa manter-se em vida. Até porque, o capacete é mesmo um instrumento assessor das motorizadas.
No princípio os motoqueiros apresentavam muita resistência ao uso do capacete, porquanto achavam que era muito feio, que parecia uma bola grande na cabeça e que os causaria um desconforto em suas posturas, e porque a população zombava-os, quando vestidos de capacete, como astronautas. Mas, com a insistência das actuações da Polícia, o uso passou a ser normal. Mais tarde, a medida estendeu-se aos passageiros, pois, afinal de contas, esses também estavam sujeitos aos mesmos riscos que os condutores. Assim, os motoqueiros passaram a ser obrigados a carregar mais um capacete para o passageiro. Todavia, infelizmente, essa foi uma medida que não foi bem recebida pelos passageiros. E, como o passageiro é cliente e, o cliente manda, esses foram negando o uso do capacete, e os motoqueiros com a intenção de ganhar Kwanzas do cliente não podiam obrigá-los a usar sob pena de os perder pela concorrência.
Dentre os motivos que os clientes (passageiros) foram alegando para não usarem capacete durante as viagens de mota, destaco os seguintes:
- Vai estragar o meu penteado. Imagina uma senhora que sai de casa bem penteada e, por conta do capacete, chega ao serviço despenteada.
- Não sei quem usou antes. Imagina alguém usando um capacete que antes estava na cabeça de alguém com uma certa doença do couro cabeludo ou outra contagiosa, ou que tenha piolhos na cabeça e deixou lá alguns, ou ainda, que tenha transpirado muito e molhou o capacete com suor deixando nele a sua catinga. (rs.).
Portanto, diferente das razões que os motoqueiros alegavam no princípio, noto uma certa lógica nos fundamentos dos passageiros. Afinal, para o motoqueiro o capacete é único, usa-se como se estivesse a usar um chapéu, uma camisa, um slip, etc. próprios, sem desconfiança nenhuma. Porém, para o cliente, sinceramente, não tem como não suspeitar da higiene do capacete, pois sabe-se a partida que é de todos os clientes, ou seja, é público, usá-lo é como se estivesse a usar, por exemplo, um slip sujo e alheio.
Um amigo aconselha a comprarmos os nossos próprios capacetes para, sempre que podermos apanhar um moto-táxi, usarmos. Se não, andarmos sempre com uma touca que podemos pôr na cabeça antes de pormos o capacete de passageiro. Certo. Mas, convido o amigo a imaginar cada indivíduo sem transporte pessoal, sair de casa, para além dos seus utensílios próprios como pasta, carteira, mochila, etc. levar consigo também um capacete (aquela bola grande. Kkk) para se prevenir em usar na eventualidade de subir numa motorizada. Será muita carga, e muito constrangimento, podes crer. Quanto a touca, acredito que os riscos serão os mesmos.
É certo que os capacetes protegem as pessoas em casos de acidentes. Facto que leva os utentes de motorizadas, como meios de transporte pessoal ou familiar, a possuírem, para além do seu, um capacete que pode ser partilhado, sem receio, com qualquer pessoa com quem tem uma afinidade. Quero dizer, os motoqueiros normais não compram um capacete a mais pensando numa possível boleia a dar a um desconhecido. O problema está com os moto-taxistas que têm de adquirir um capacete a mais para ser usado por todos os passageiros que eles transportarem.
Contudo, a actividade de moto-táxi é nova em Angola, embora já leva algum tempo, por isso é que está difícil regular a mesma, penso eu. E, por outra, noto que, continua-se a confiar pessoas a legislarem ou estabelecer normas a respeito de realidades alheias.