LAMPIRÍDEOS EM FESTA !

LAMPIRÍDEOS EM FESTA !

"Aprendi com as primaveras

a me deixar cortar para poder

voltar sempre inteira".

CECÍLIA MEIRELES

De repente, não mais que de repente me vêm à memória lembranças da infância; eu, que preciso de 4 segundos para "esquecer" onde deixei a tampa da panela ou o martelo, recordo perfeitamente cenas de 50 anos atrás, ainda menino. Essa "geração videogame" não tem idéia do que era brincar com "carrinhos" de lata de leite cheia de areia ou com "revólver" de carretel de linha e um "triângulo" rústico de madeira. Havia a "corrida de chapinhas" numa pista de terra, bem sinuosa, com "montes" e vales e tampinhas de metal "empurradas"com petelecos ou piparotes. (Nem vou vou explicar, quem quiser saber vá ao dicionário !) Sabe esses rolos enormes de fio (made in China) feitos para se soltar pipa, "papagaio" ou "pandorga", lá no Sul do Brasil ? Pois isto é velho, velhíssimo, vi no "campinho" (vulgo "potreiro") perto de casa em 1962... era um quadro externo de madeira tendo no centro 2 tabuinhas cruzadas em X e movidas por manivela central... exatamente como essa "roda oriental" destes novos tempos !

Voltemos ao Passado: nas noites de verão nossa diversão era capturar lampirídeos e elaterídeos, ou seja, vaga-lumes... ah, sim, pirilampos ! Alguns eram esfregados na camisa -- morte horrível -- que ficava brilhando por algum tempo. Certa noite juntamos uns 200 que foram colocados dentro de um grande pote de vidro transparente. Brilharam por muito tempo, para nossa alegria ! Só não sabíamos que o ar lá dentro se transformava em monóxido de carbono, absolutamente letal. Nunca entendemos aquele "suicídio" em massa, achamos que ficaram tristes com a "prisão".

Nossa geração divertia-se muito com pouco: dominó, baralho, dama, "jogo da velha" e "da forca" (usando papel), jogo das varinhas, pião, pingpong, bambolê, bola de gude (ou "búrica", no Sul), peteca, ioiô, palitinho, "queimado", pique-esconde, pique-bandeira, cabra-cega, bingo (ou víspora), cabo de guerra, cavalo de guerra, fura-fura, cama-de-gato, bilboquet, pular corda em grupo, "céu e inferno", subir em árvores, atirar com cetra (ou atiradeira). bater figurinhas (o "bafo"), "resta 1", adivinhas, par ou ímpar... e muita piada !

Hoje vejo crianças de 4 ou 5 anos já com celular na mão, diversão única de quase todos. Qualquer brinquedo agora custa mais de CEM REAIS e é jogado fora em poucas semanas. Tempos que não voltam mais... e como eram bons aqueles tempos !

"NATO" AZEVEDO (em 19/jan. 2019)