E a idade avança
Há vantagens com esse avanço: as experiências aumentam e o medo diminui quando é para enfrentar novas experiências; e também a proximidade do fim nos traz uma aguçada lucidez para se rever o que aconteceu antes dele. São lições aprendidas e ditas por aqueles que pensam, por aqueles que escrevem seus pensamentos. Sem deixar de lado o que herdamos na cultura, acontece também a criatividade renovadora, mesmo que seja como a teoria de se pintar “o cinza sobre o cinza”, sucede a sensação que algo de novo foi feito e que alguma coisa a mais foi compreendida, sem comprometer a espontânea necessidade das metamorfoses; o dialético Hegel teorizou essas transformações. E assim, ao se dizer “a idade avança” é o mesmo que repetir que “la nave va”.
Nessa navegação, que não se adquira a coragem refletindo que não se tem mais nada a perder, porque sentir algum medo é necessário para que não se abandone, de uma vez, a prudência, o que nunca deixou de ser virtude. Mesmo em palavras verdadeiras de um moribundo, já no leito da morte, quando nada mais resta do tempo da vida, escutam-se palavras de prudência. Albert Camus teatraliza o homem que se preparou para dizer suas últimas palavras, mas as esqueceu, no momento de dizê-las. Balbuciou apenas, mas todos o entenderam... O que se contrapõe à criança que tenta dizer o que pensa, mas não tem ainda aprendido as palavras adequadas àquelas idéias; sua esperança é que a idade avance. E por que parar de avançar?
A idade avançada nos dá novas visões da realidade, e é isso que nega a preferência aos músculos a se ter novos olhos, o que propicia vermos coisas que não tínhamos visto. A velhice assombra ao se ver o que mostra por fora, mas poucos observam o que ela proporciona por dentro... São valores perdidos no mundo do utilitarismo, da produção e do lucro. Quando Ariano Suassuna era sexagenário, consegui lhe dizer que ele tinha 20 anos. Ele riu, agradeceu e certamente ficou rezando “Deus te ouça”, porque seu corpo não lhe confirmava essa idade, sentia que a idade tinha avançado, o que lhe dava, contudo, um efeito sapiencial. E isso inicia, logo quando o saber adquirido não cabe dentro do tempo. Nesse sentido, a idade avança sem perdas a serem lamentadas.
Há vantagens com esse avanço: as experiências aumentam e o medo diminui quando é para enfrentar novas experiências; e também a proximidade do fim nos traz uma aguçada lucidez para se rever o que aconteceu antes dele. São lições aprendidas e ditas por aqueles que pensam, por aqueles que escrevem seus pensamentos. Sem deixar de lado o que herdamos na cultura, acontece também a criatividade renovadora, mesmo que seja como a teoria de se pintar “o cinza sobre o cinza”, sucede a sensação que algo de novo foi feito e que alguma coisa a mais foi compreendida, sem comprometer a espontânea necessidade das metamorfoses; o dialético Hegel teorizou essas transformações. E assim, ao se dizer “a idade avança” é o mesmo que repetir que “la nave va”.
Nessa navegação, que não se adquira a coragem refletindo que não se tem mais nada a perder, porque sentir algum medo é necessário para que não se abandone, de uma vez, a prudência, o que nunca deixou de ser virtude. Mesmo em palavras verdadeiras de um moribundo, já no leito da morte, quando nada mais resta do tempo da vida, escutam-se palavras de prudência. Albert Camus teatraliza o homem que se preparou para dizer suas últimas palavras, mas as esqueceu, no momento de dizê-las. Balbuciou apenas, mas todos o entenderam... O que se contrapõe à criança que tenta dizer o que pensa, mas não tem ainda aprendido as palavras adequadas àquelas idéias; sua esperança é que a idade avance. E por que parar de avançar?
A idade avançada nos dá novas visões da realidade, e é isso que nega a preferência aos músculos a se ter novos olhos, o que propicia vermos coisas que não tínhamos visto. A velhice assombra ao se ver o que mostra por fora, mas poucos observam o que ela proporciona por dentro... São valores perdidos no mundo do utilitarismo, da produção e do lucro. Quando Ariano Suassuna era sexagenário, consegui lhe dizer que ele tinha 20 anos. Ele riu, agradeceu e certamente ficou rezando “Deus te ouça”, porque seu corpo não lhe confirmava essa idade, sentia que a idade tinha avançado, o que lhe dava, contudo, um efeito sapiencial. E isso inicia, logo quando o saber adquirido não cabe dentro do tempo. Nesse sentido, a idade avança sem perdas a serem lamentadas.