Azul Piscina

Puxa! Como o tempo passa, nossa como a vida escoa, como passa os dias, as horas, os meses, as semanas, o tic-tac do relógio bate num som vagaroso e quase sempre inaudível.

Desta vez ela voltou ainda mais forte como um vulcão adormecido por quatro anos. Da ultima vez começou com 25 mg de Sertralina e chegou a 75 mg da amiga que bloqueou o que há de mais precioso na vida " o choro". Veio quietinha como de costume, dores de cabeça leve, dores estomagais, coração acelerado, palpitações, ondas de calor por todo o corpo, e a coroa uma tristeza profunda. No ponto de ônibus em Lorena numa tarde destas nos dias de semana, onde pessoas vão e vem, movimentos de veículos para todos os lados, ponto de ônibus lotado, algumas pessoas com semblantes cansado de mais um dia exaustivo de trabalho, algumas dialogando, outras com fones de ouvido ouvindo sei lá o que...melhor que barulho de motos desenfreadas que vem pipocando nas mãos de adolescentes que estão conhecendo um mundo de adrenalina. Cachorros passeiam do outro lado da calçada, uns num sono profundo outros brincando no vai e vem das pessoas, algumas pessoas até arriscam um sorriso observando os caninos se divertindo. Liguei para a minha irmã, porque de repente a primeira crise de pânico, sem avisar, sem bater no coração, na alma ou no espirito, quietinha como onça atras da caça. Andando de um lado para o outro balbuciando sobre a vida, sobre cansaço, sobre stress, sobre limites, apatia profissional e medos que são gigantescos nestas horas e saem de todas as partes. Do outro lado da linha a irmã preocupada ouvindo calada e somente falou no momento que a voz emudeceu. - Quer que eu vá te buscar? - Não precisa respondeu do outro lado o meu ônibus está vindo. Tchau. Guaratinguetá era o destino uma empresa multinacional com uma excelente gestão, com várias filiais no Brasil e a matriz na potente Alemanha.Onze anos havia passado quantas coisas passará por ali. Quantos ' QRU'S ( problemas ) , risos , experiências, sono na calada da noite, desafios extenuantes, era um excelente profissional da área da Vigilância Patrimonial era um guerreiro. Porém nos últimos tempos, vivia a angustia e o sofrimento do " assédio moral " imposto pelo seu coordenador de Segurança, aquilo na realidade não poderia nem ser chamado de coordenador, era um monstro, que fazia duas coisas bem: gritar com os seus subordinados e dar tapas na mesa e desferir palavras ofensivas sobre aqueles que estavam sobre o seu comando. A raiva, misturada com o ódio já havia arraigado nos corações dos vigilantes, alguns não aguentaram a pressão intensa e pediram baixa, outros pais de família segurava calado, outros deixavam as coisas tomarem proporção que já fugia do controle do próprio agressor. Caminhava pelo pátio cabisbaixo, tragando um cigarro atrás do outro, o pátio abarrotados de caminhões. Era mais uma noite intranquila, buscava sair daquele lugar e somente foi possível no dia 22 de fevereiro de 2013. Mas nunca mais foi o mesmo. Resgatou um pouco mais muito pouco depois que começou o tratamento com a psicoterapia e psiquiatria. Foi presenteado com três Escolas Rurais na cidade de Lorena, que contraste, uma coisa era certa:- o diploma não ficaria na gaveta. Foi para o palco da Educação e viu nos rostos e sorrisos das crianças aos poucos o mundo ficando colorido novamente, uma mudança brusca. Mas resolveu encarar. Uma kombi e um lugar distante no meio do mato e crianças e adolescentes esperando pelo professor. Estradas barrentas, chuvas de março, e desafios no caminho da Educação. Mulheres seres de sensibilidades mais aguçadas e mais flexíveis. Então foi assim que começou um novo caminho, uma nova perspectivas e a brotar o sorriso nos lábios e a correr depois de um dia tranquilo. Agora não era mais 12 horas intermináveis onde morava na empresa e passeava em casa, debaixo de chuvas, percorrendo a via Dutra passando caminhões a 120 quilômetros por hora. A tremedeira depois de 48 horas na escala " desumana 4 por 2 " . Agora não tinha sobre os seus ombros o peso maldito do coordenador em sua mente, mal humorado, bipolar, gritando: - Vocês são vagabundos! Como sempre demonstrou um bom trabalho com responsabilidade e dinamismo, foi uma passagem rápida mais suficiente para deixar a sua marca, fez boas amizades no meio de 24 mulheres e vivenciou uma de suas maiores experiências na área da Educação, aliás ele estava na primeira etapa. Voltou pra Piquete e agora como professor mediador novamente " na Escola onde a sua irmã trabalhava", foram momentos bons e ruins no mesclar das classes, alunos que simplesmente passaram e outros que ele levou no coração. Mais o destino lhe preparava algo extraordinário e ao mesmo tempo assustador, as maiores das mudanças de sua vida, uma mudança brusca.Totalmente radical no ano de 2015 um lugar na pequena Delfim Moreira, num lugar chamado Sertão Pequeno um bairro localizado há 22 quilômetros de Delfim Moreira, foi tudo de repente que acomodou numa pequena casa lá pro lado do Rosário na casa de um pastor com a sua esposa que foram seus pais por 10 meses, sentiu na pele a dor do frio e a distância da família, sentiu as dores de ouvido, e um zunido sem fim, o seu recanto era um quarto com uma cama, uma mesa e cadeira, um guarda roupa e um caminho de cinco quilômetros até a escola todos os dias, a recompensa, o apoio dos pais, os alunos (as) amando estudar e o aconchego de um povo trabalhador e humilde. Uma multi seriada adaptada e muita garra e perseverança. Aprendeu mais do que ensinou. Aprendeu a cuidar, aprendeu a amar, aprendeu a ser cativado pela simples maneira do viver no campo. No ano de 2016 prosseguiu o seu caminho e o destino que Deus lhe havia preparado, agora mais forte. Pois o fortalecimento do guerreiro não é durante a batalha é apos a batalha. No mesmo ano encontrou novamente o seu " mundo " e implantou o judô no município, começou com 3 alunos e chegou a 60 alunos. Mas a disciplina do esporte é um funil. No ano de 2017 uma nova jornada lhe esperava, depois de 10 anos foi lecionar na cidade onde seu pai nasceu uma passagem rápida,mais suficiente para se tornar inesquecível. A politicagem é uma merda. Mãe e filho unidos num só propósito. Porém foi permissão de Deus. O cansaço acumulado com idas e vindas e o massacre de uma vizinhança diabólica fez com que ele e a família adoecessem. Chegou no fundo do poço, teve dias desiguais, e entrou novamente com Alkineton, e outros medicamentos que foi reverso invés de espantar o fantasma da depressão com a crise de ansiedade colocaram no vale da sombra da morte. Procurou Deus, como sempre, firmou em seus caminhos, a esposa foi a sua companheira fiel, chorou ou melhor desabou nos braços da filha, entrou nas idas e vindas no hospital local, entrou no ALPRAZOLAM 1mg e entrou no Velaxin de 150mg. O apetite desapareceu, o mundo se transformou num labirinto escuro,frio e sombrio. Porem as mãos de Deus sempre esteve sobre ele. Lutou, caiu, levantou, nas caladas da noite eram o seu pior pesadelo. A mente não desligava. Dores abdominais assolavam a ponto de fazer endoscopia e coloscopia. Dores de cabeças intensas. Mente agitada. Noites mal dormidas. Medos, fobias, desespero. É o furacão da depressão, somente Deus e seus familiares e os amigos mais próximos acompanharam de perto a sua aflição. A psicoterapia entrou em ação, mas o efeito era gradativo. Perdeu o sentido da vida, perdeu a vontade de viver, perdeu o sentido de tudo. Perdeu a percepção e sensibilidade das ações extraordinárias realizadas por ele. Foi vivendo um dia de cada vez... temendo a noite...torcendo para terminar logo o dia. Vivendo e morrendo por dentro, ou morrendo por dentro e vivendo...não queria mais continuar...foi...ver o azul do céu...o barulho das águas do mar, a esperança renascer...o sol irradiante, e então...foi vivendo...para encontrar o caminho...do caminho...entre os verdes das matas, entre as corridas de 5,10,18,20,26 e até 29 quilômetros,correndo e vivendo,vivendo e correndo....em algum lugar por ai de preferência na estrada de terra, nos cantarolar dos pássaros entre o sol rasgando o céu e mesclando lá no fundo um azul piscina...entre as nuvens...sempre com o seu bastão e o seu cachorro, e por falar em cachorro ele foi o seu maior companheiro...um cachorro...chamado...

LUVI
Enviado por LUVI em 22/01/2019
Código do texto: T6557161
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