Anistia das armas numa primavera desacreditada de uma série de terror.

Não mais este medo sem sentido!

Não destruirás nem oprimirás!

A vida é pequena e entrelaçada

Se o homem morrer, também morrerás!

Também morrerás! (Em prol à vida. Padre Zezinho, 1988)

A primavera, embora seja eterna, se despede a cada ano para o alvorecer de uma nova estação que permite os raios solares encher os olhos de quem deseja um final de semana prolongado para banhar-se às águas dos locais que a alegria possa prevalecer.

Esse sonho de felicidade começou a distanciar do povo brasileiro nesta terça-feira (15), quando as mãos do ‘nobre’ capitão deslizaram a pena (não sei se bic ou kilometrica) e apôs o seu autografo anuindo a institucionalização do ‘faroeste brasileiro’, contrariando os anseios de um povo que clama por liberdade e desejam andar sem temor.

Antes do travesseiro acolher o meu cérebro, pois o corpo cansando já adormecia na cama acostada no quarto da tapera, não igual índio porque já havia dispensado a rede temendo aumentar a dor lombar, o jornal televisivo noticiou que o melhor presente do Natal do menino Jesus era não facilitar armas para a sociedade de paz. Era uma pesquisa anunciada pelo Instituto Data Folha.

Por instantes, fui tomado pela letargia que assola o povo brasileiro e como um fiel de templo religioso seguidor de homens e mulheres que proclamam sob a sua conveniência, cri num ‘messias’ eleito que não deixaria os seus cordeiros e ovelhas tornarem-se holocaustos de uma irresponsabilidade anunciada. É como ler a Bíblia e aprender tudo errado.

Despertei no novo ano com a ascensão dos preceitos absolutistas a um trono indigno para descumprir a razão democrática prostrada de joelhos à ordem e ao progresso do Tio Sam. O sonho não era mais sonho. Iniciava-se ali o pesadelo.

Nesta terça-feira (15)... A quem interessa a facilidade da posse de armas? A quem interessa uma quantidade de quatro por pessoa? A quem interessa?

A população acinzentará a primavera por não poder detê-la, embora tiveram os seus sonhos de dezembro fulminados entraram em um estado de divagação do ser e os devaneios tolos lhes cegaram à visão e iniciaram uma nova estação onde as sombras deixam acreditar que a ‘justiça com a próprias mãos’ promoverá a paz social.

Armas nas mãos de ‘cidadãos de bem’, nada mais do que pessoas com ‘nome limpo’, que se investirá no messias e tentará ser um semideus num lugar que o respeito se traduzirá no medo de uma ferramenta defesa pessoal que servirá para difundir a nova inquisição.

Canetada infeliz que investirá um falso poder às pessoas despreparadas. Até porque se fosse tão simples não existiria as academias policiais para treinamento cotidiano de tiro.

Vivemos a partir de hoje um momento de terror e devemos ter medo de tudo e de todos porque não podemos acreditar em quem não pratica diariamente aquilo que necessita de habilidade, pois seria como entregar seu terreno para um pedreiro aposentado construir seu lar.

Primavera desacreditada gestada no ventre da Anistia das armas como forma de estabelecer uma apartheid social.

Cenas do próximo capítulo de uma série de terror.