PRA QUE POEMAS?
Pra que poesia, pra que poemas de amor, pra que falar de paz, gostar de animais e de crianças, pra que jardins, borboletas, pra que?
Agora a ordem é outra: armas em punho, o lucro, a gana, a bolsa. Retaliar, revidar, xingar, justiça com as próprais mãos. Dividir pra governar...
Há um cisma no País, um muro na Cidade. Ser duro, cruel contra índios, nativos, gays, negros, meninos de rua é normal.
Pra que praticar o amor e a fraternidade se é mais fácil dar esmola, se o que vale é o mercado de capitais, ações, investimentos americanos, dólar, desestatização, idolatrar o Trump, vender estatais é a moda.
Aumentar os impostos, o tempo da aposentadoria, cortar os subsídios, como se viver fosse pagar dívidas feitas pelos governos..
Comprar coisas, amar o fútil, ser um inútil da rede social, fazer pose, divulgar mentiras, apontar o dedo, negar velhas amizades, ser calhorda, ser da horda, da corrente pra frente, que legal.
O que importa são as desavenças, superstições, falsas rezas, falsos profetas, falso messias e as falsas crenças, negar a ciência, dizer que a terra é plana, que trama medieval é essa, de onde vem essa gente?
Pra que poesia?
O que importa a amizade?
E tem gente muito à vontade nesse clima.
Pra que poemas?
Pra que poesias pra quem nunca as leu uma. Pra que eu nesse lugar?