EXCURSÃO AO SUL

Foi lá pela década de cinquenta.

Candidato a vereador se elegeu com eslogã bem original: O...está certo. Disseram as más línguas, na época, que o prefeito eleito para conseguir o apoio desse vereador, teria lhe dado um ônibus de presente.

A mulher do político, bela loira, começou promover viagens turísticas.

Uma dessas foi para o Sul, levando a turma dos recém-formados da Faculdade de Assistência Social. Com eles fomos nós: casal e duas filhas pequenas.

Saímos à noite. O motorista, nas alturas de Londrina, errou o caminho e ao amanhecer estávamos além de Maringá. Retornamos vários quilômetros e só chegamos em Camboriú à tarde.

Fazíamos as refeições nos restaurantes das estradas. O cômico era os estudantes cercarem a gente à mesa e pedirem lascas de churrasco, pão, ante os olhares dos garçons que não diziam nada.

Em Porto Alegre, hospedamos num bom hotel. À noite, saímos para dar uma volta. Nas redondezas várias mulheres nas esquinas. Era a zona de prostituição... Andando pelo centro deparei com a editora Globo. Lá encontrei nada menos que o escritor Érico Veríssimo. Consegui uma foto dele. Naquele tempo ninguém possuía máquina fotográfica.

Visitamos adegas em Caxias do Sul. O pessoal lotou o bagageiro do ônibus com garrafões e garrafões de vinho. Em qualquer trecho íngreme, precisamos todo mundo descer e empurrar o veículo. Muitas vezes o ônibus só conseguir subir a marcha ré.

Conhecemos Gramado, Canela. No regresso, na serra de Marília o veículo ficou sem iluminação. Descemos no escuro. O motorista também não podia pisar no freio, pois dali saía fumaça.

Mas chegamos são e salvos na Rodoviária de Lins, onde alguém levou a nossa mala.