Não era para ele ter ido, mas foi. Não era para ela estar lá, mas estava.
Quando os olhares se cruzaram, aconteceu aquele milagre que os estatísticos chamam de evento raro: um caso favorável em um milhão de tentativas.
Ambos tinham registros e memórias, isto é, tinham vivido; e a vida, a experiência da vida, tinha deixado marcas. Mas esqueceram-se delas, transformando-se em crianças que ainda não tinham aprendido a ter medo.
Ele desprezou todos os seus receios. E investiu nela, como se faz quando se é tomado por uma paixão irremediável.
Ela se deixou levar, sem pensar se o caminho era bom ou ruim. Simplesmente seguiu seus instintos. Depois de uma semana, juravam se conhecer um ao outro como se fosse o prolongamento de outra encarnação. Só isso.
Acreditavam terem sido mutuamente prometidos pelos céus, como Romeu e Julieta, mas tiveram de adiar o final feliz para outra vida.
Dizendo assim parece que foi um ato de impulsiva imaturidade. Mas não: os dois procuraram os inevitáveis defeitos e incômodos e o que encontraram era aceitável.
Então ele viajou, uma viagem de três meses. Esperava que tudo se acabasse, sabedor de que a distância não é boa companheira dos encontros inevitáveis. Quando voltou ela o esperava como se ele fosse o ar que lhe faltava. Faziam mais e mais confissões, projetos de vida em comum, esquecendo-se que tudo na vida tem um preço, até os sonhos.
Nas primeiras rusgas, ela o chamou carinhosamente de turrão e ficou por isso mesmo. Tomou sempre a iniciativa de perdoá-lo rapidamente, para que o céu não se escurecesse acima deles. Quando ela desatinava, ele estava lá para chamá-la de volta à realidade, colocar seus pés no chão.
Em um ano de namoro tinham vivenciado as experiências de um casal comum ao longo de uma vida – e então acharam que tinham direito de renovar este tempo, vivendo novas vidas. Sem nenhum receio, ele se deixou envolver pelo mundo dela. Depois disso nunca mais se separaram.
Quem me contou a história garantiu, com lágrimas nas faces, que isso já faz trinta anos.
Quando os olhares se cruzaram, aconteceu aquele milagre que os estatísticos chamam de evento raro: um caso favorável em um milhão de tentativas.
Ambos tinham registros e memórias, isto é, tinham vivido; e a vida, a experiência da vida, tinha deixado marcas. Mas esqueceram-se delas, transformando-se em crianças que ainda não tinham aprendido a ter medo.
Ele desprezou todos os seus receios. E investiu nela, como se faz quando se é tomado por uma paixão irremediável.
Ela se deixou levar, sem pensar se o caminho era bom ou ruim. Simplesmente seguiu seus instintos. Depois de uma semana, juravam se conhecer um ao outro como se fosse o prolongamento de outra encarnação. Só isso.
Acreditavam terem sido mutuamente prometidos pelos céus, como Romeu e Julieta, mas tiveram de adiar o final feliz para outra vida.
Dizendo assim parece que foi um ato de impulsiva imaturidade. Mas não: os dois procuraram os inevitáveis defeitos e incômodos e o que encontraram era aceitável.
Então ele viajou, uma viagem de três meses. Esperava que tudo se acabasse, sabedor de que a distância não é boa companheira dos encontros inevitáveis. Quando voltou ela o esperava como se ele fosse o ar que lhe faltava. Faziam mais e mais confissões, projetos de vida em comum, esquecendo-se que tudo na vida tem um preço, até os sonhos.
Nas primeiras rusgas, ela o chamou carinhosamente de turrão e ficou por isso mesmo. Tomou sempre a iniciativa de perdoá-lo rapidamente, para que o céu não se escurecesse acima deles. Quando ela desatinava, ele estava lá para chamá-la de volta à realidade, colocar seus pés no chão.
Em um ano de namoro tinham vivenciado as experiências de um casal comum ao longo de uma vida – e então acharam que tinham direito de renovar este tempo, vivendo novas vidas. Sem nenhum receio, ele se deixou envolver pelo mundo dela. Depois disso nunca mais se separaram.
Quem me contou a história garantiu, com lágrimas nas faces, que isso já faz trinta anos.