Carlos Romero, pássaro sem amarras
Vi o confrade morto, assim me tinha avisado a APL, mas, em sua casa, encontrei-me com o imortal vivo. Parecia pronto para caminhar; para sorrir como habitualmente fazia; sem qualquer arrependimento porque pouquíssimo teria andado para voltar atrás. Bem vestido, de óculos, o chapéu ao lado, deitado, sereno, como se esperasse a ordem do seu Mestre: Carlos Romero, “levanta-te e caminha” e depois, dirigindo-se a Germano, Carlos e Alaurinda: “desligai-o, e deixai-o ir”, para voar livre, como um pássaro sem amarras.
A sabedoria chinesa, vinda do Oriente, diz que “há três coisas que nunca voltam atrás: “a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”. Carlos nunca lamentou oportunidade perdida, porque ele a objetivava para amar os outros. Assim, sempre sentiu suas vibrações espirituais; seus desejos “querentes” e queridos do corpo, no entanto, estava ali, leve como a imaginação que sempre nele construiu o poeta, o escritor e o exímio cronista. Seu semblante tinha a áurea de iluminado, novo, original, ético, como se tudo fosse ‘poésis’ , e ela perguntaria: Estaria ele descendo dos céus à terra ou subindo da terra aos céus?
A sua sabedoria sempre nos inspirou o olhar retrospectivo da necessidade da nossa existência que veio ao mundo sem escolha: não pedimos para nascer e nascemos; paradoxalmente, pedimos para não morrer e morremos. Carlos merecia a vida que lhe foi dada, porque, por gratidão, ele a doava ao próximo mais desconhecido que lhe fosse. Ao cultivar assim seu olhar prospectivo diante da finitude do corpo, nutria-nos de um desejo infinito de vida a ele que partia, fazendo-nos filosofar ser a morte apenas uma experiência teleológica para uma viagem prazerosa e feliz. É nesse diapasão que nos toca a força transformadora das suas crônicas. Carlos Romero nos entusiasmava à vida. Bebia, da fonte dos evangelhos, água pura, cristalina, o que nos livra da sede e oferece-nos o maná do saber para discernir que a vida não se limita entre o nascimento e a morte, segue além, perseguindo o infinito. Com fé, era um entusiasmante otimista, apesar de ter convivido com o desafio dos desejos. O coração de Carlos Romero não parou, sobretudo seu amor; ainda vive para ser mais feliz, numa felicidade mais perfeita. A escuridão da morte foi apagada pela luminosidade do seu espírito.
Vi o confrade morto, assim me tinha avisado a APL, mas, em sua casa, encontrei-me com o imortal vivo. Parecia pronto para caminhar; para sorrir como habitualmente fazia; sem qualquer arrependimento porque pouquíssimo teria andado para voltar atrás. Bem vestido, de óculos, o chapéu ao lado, deitado, sereno, como se esperasse a ordem do seu Mestre: Carlos Romero, “levanta-te e caminha” e depois, dirigindo-se a Germano, Carlos e Alaurinda: “desligai-o, e deixai-o ir”, para voar livre, como um pássaro sem amarras.
A sabedoria chinesa, vinda do Oriente, diz que “há três coisas que nunca voltam atrás: “a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”. Carlos nunca lamentou oportunidade perdida, porque ele a objetivava para amar os outros. Assim, sempre sentiu suas vibrações espirituais; seus desejos “querentes” e queridos do corpo, no entanto, estava ali, leve como a imaginação que sempre nele construiu o poeta, o escritor e o exímio cronista. Seu semblante tinha a áurea de iluminado, novo, original, ético, como se tudo fosse ‘poésis’ , e ela perguntaria: Estaria ele descendo dos céus à terra ou subindo da terra aos céus?
A sua sabedoria sempre nos inspirou o olhar retrospectivo da necessidade da nossa existência que veio ao mundo sem escolha: não pedimos para nascer e nascemos; paradoxalmente, pedimos para não morrer e morremos. Carlos merecia a vida que lhe foi dada, porque, por gratidão, ele a doava ao próximo mais desconhecido que lhe fosse. Ao cultivar assim seu olhar prospectivo diante da finitude do corpo, nutria-nos de um desejo infinito de vida a ele que partia, fazendo-nos filosofar ser a morte apenas uma experiência teleológica para uma viagem prazerosa e feliz. É nesse diapasão que nos toca a força transformadora das suas crônicas. Carlos Romero nos entusiasmava à vida. Bebia, da fonte dos evangelhos, água pura, cristalina, o que nos livra da sede e oferece-nos o maná do saber para discernir que a vida não se limita entre o nascimento e a morte, segue além, perseguindo o infinito. Com fé, era um entusiasmante otimista, apesar de ter convivido com o desafio dos desejos. O coração de Carlos Romero não parou, sobretudo seu amor; ainda vive para ser mais feliz, numa felicidade mais perfeita. A escuridão da morte foi apagada pela luminosidade do seu espírito.