O TREM SUMIU...

Sou de uma época em que o transporte ferroviário existia em abundância e se sobrepunha ao transporte rodoviário em algumas partes do nosso país.

As estações de trem eram pontos de encontro de pessoas de diferentes classes sociais, que viajavam em vagões diversificados, conforme o poder aquisitivo de cada uma.

Cheguei a conhecer a “Maria Fumaça” que era uma espécie de locomotiva, propulsionada por um motor a vapor, composto de três partes principais: a caldeira, produzindo o vapor, usando a energia do combustível, a máquina térmica, transformando a energia do vapor em trabalho mecânico e a carroçaria, carregando a construção.

Vale aqui salientar que o vagão-reboque de uma locomotiva a vapor transportava o combustível e a água necessários para a alimentação da máquina.

Hoje, nesses tempos modernos, as linhas férreas que transportavam as riquezas e as produções nacionais foram sucateadas e consequentemente desativadas. Surgiram as linhas férreas urbanas, mais sofisticadas exclusivamente para o transporte de passageiros, que receberam o nome de metrô, monotrilhos, aero trens, trens metropolitanos, etc., enquanto isso o povo é que paga a alta conta desse transporte, “aceitando” as tarifas exorbitantes impostas pelos governantes.

Ainda não consegui entender a razão do sumiço das locomotivas mistas interioranas que “lentamente” estão deixando de circular. As estações de ferro viraram casas abandonadas e foram lentamente se deteriorando; os trilhos, por sua vez, foram saqueados pelos malfeitores revendedores de sucatas. O pouco que sobrou continua perdido ao longo das inúmeras ferrovias e essa atitude governamental acabou torrando sem dó e sem piedade, o dinheiro público.

Em alguns momentos, cheguei a pensar que foi por causa da falta de lenha para alimentar as caldeiras. Mais tarde, mesmo com a aposentadoria da “Maria Fumaça”, chegaram as locomotivas mais modernas, que utilizavam as linhas férreas alimentadas que o eram pela energia elétrica, e aí eu entendi que tudo seria mais fácil, não fosse o descaso do governo federal em deixar de subsidiar parte dos gastos para investir de forma maciça na indústria petroleira.

Por conta desse e de outros descasos, o transporte de cargas do nosso país está prestes a descambar por um caminho sem volta, sendo que a alta do preço do combustível é o mais grave deles, que encarece o valor do frete recebido por quem transporta a carga, sem contar ainda com os gastos necessários que são feitos com a manutenção dos veículos.

Não obstante os protestos ocorridos tempos atrás por parte da classe trabalhadora das estradas, mais conhecida como a classe dos caminhoneiros, a situação está caminhando para a “chegada” de um colapso sem precedentes.

Muitos caminhões integrantes da frota que está em circulação não são modernos, assim como grande parte das estradas brasileiras carecem de manutenção/conservação urgente, mas em compensação a grande maioria das praças de pedágios existente ela é bem recente.

Pobre rico Brasil! Tem como caminhar “progressivamente”, carregando o montante de sua carga se utilizando das próprias pernas, mas prefere andar em círculos, e o pior de tudo é que está andando de muletas.