Um despacho ou a lâmpada de Aladim?
"Menino que fui menino lá pras bandas do sertão, tendo a cuia por esmola e a fome por devoção" (Raimundo Sodré).
Menino que fui nas ruas do sertão, encontrei a minha primeira e única grande fortuna num despacho na encruzilhada perto de casa. Eram moedas e cédulas novinhas e davam para comprar um quilo de carne e uma lata de feijão. A minha mãe ficou muito contente, disse que era um dinheiro abençoado e até chorou de emoção, mas quando soube a origem do dinheiro me deu uma surra e me mandou colocar de volta na encruzilhada. E por causa da intolerância religiosa (ou ignorância herdada dos tempos medievais), nesse dia comemos farinha seca com rapadura.