Aldo e a ousadia de Lula

Não me lembro se no Sul a palavra ousadia além de definir coragem, destemor, arrojo, galhardia, também quer dizer audácia, petulância, atrevimento e, por extensão sem-vergonha. No Nordeste aqueles que passam à mão na retaguarda das moças são ousados, é uma palavra muito usada neste sentido.

Assim sendo a minha pequenina Sammhyra, hoje com seis anos, desde que começou a falar quando alguém passava a mão no seu bumbum ia logo dizendo “ó ousadia”. Agora, mais crescida admite que sua mãe o faça, os tios, irmãos e até o pai que não se atreva, pois além de receber um “ousado” pelos ouvidos correr o risco de um tabefe pelas ventas. Ela é assim e não aceita ousadia, palavra que ainda não aprendeu todos os significados, tal como uma série de outras palavras desconhecidas e que, pela curiosidade natural da idade, a cada dia vem com uma nova para que expliquemos.

Fã de televisão acompanha novelas como poucos espectadores, e com a telinha aprende coisas boas e más. O que fazer? Mudar de canal quando novela é muito ousada, por exemplo. Mas a pequena Sam sabe que ela deve dar boa noite e dormir antes das vinte e uma horas, afinal acorda bem cedo para ir a sua escolinha. Não deu outra, aparece na televisão uma propaganda institucional do PCdoB que fala de ousadia! Tece méritos ao governo e a re-eleição de Lula, e depois aparece um jovem par de caras pintadas que afirma “na hora certa a gente ter que ser ousado”. Sammhyra não gostou.

Com cara de poucos amigos Sammhyra deu boa noite a todos, virou as costa para a telinha e disse em alto e bom som: “Esse homem é muito ousado falando de ousadia na hora que criança está acordada, não voto mais nele”. Justamente na hora em que Aldo Rabelo era quem falava. É para se refletir; se o PCdoB ficar elogiando a ousadia do PT vai perder muito voto em sua linha histórica.

***************

(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia, elogia os partidos que ousam ser sérios, mas se retrai quando vê muita “ousadia”.