TENHO ANDADO DESCONTENTE...
TENHO ANDADO DESCONTENTE...
"Se você vier / me perguntar/ por onde
andei / no tempo em que você sonhava.../
de olhos abertos lhe direi: / --"Amigo, eu
me desesperava"!
BELCHIOR (trecho de canção - 1969?)
Não, caro leitor, ilustre leitora, isto não é sobre a "Era Bolsonaro"... a Nação inteira parece ter se conscientizado (ou aceitado) que o Brasil não tem (ou não merece) bons governantes. Na atual circunstância, QUALQUER UM serve ! O presidente não quiz ouvir Partidos para escolher seus ministros, consultou as lideranças (?!) -- e não é a mesma coisa ? -- e as "comissões temáticas", seja lá o que isso signifique. (E pode não significar nada !) Essas Comissões (por vezes CPIs) são meras "começões" --
trocadilho infame ! -- do dinheiro do povo, não levam a lugar nenhum. Assim, quando você "encher a boca" para citar políticos honestos, saiba ao menos que também êles "metem a mão" no teu bolso, "otário", como qualquer Ali Babá, "inventando" votações de madrugada ou nas férias, "cotas", "auxílio-paletó" e uma infinidade de "espertezas" mais, TUDO LEGAL, baseadas em artigos e parágrafos que o eleitor desconhece. (Aliás, é honestíssimo ter 3, 4 ou 10 "aposentadorias" enquanto a maior parte do povo não tem nenhuma !)
Mas, voltemos à música, que é o assunto desta crônica chinfrim... leio no Facebook, no grupo de ROCK IMORTAL, jovens "desancando" Belchior ! Argumento que êle, mesmo quando era ruim, foi simplesmente genial ! Claro que aquela voz anasalada não agradava gregos nem troianos, mas eu gostava dela mesmo assim, era m diferencial, como Zé Ramalho ou Bob Dylan por exemplo, Raul Seixas, idem. Meu "caso" com Belchior foi de amor à primeira vista e num tempo em que -- como rockeiro radical -- se passava longe de qualquer coisa brasileira. Contudo, Zé Ramalho e Belchior eram diretos, não tinham "papas na língua", o "povo-gado marcado" precisava ouvir que "cada um guarda mais o seu segredo, a sua mão fechada e a boca calada, molhada de medo". Era o início dos anos 70 e essa "releitura acusatória" se referia a Ditadura !
Um belo dia quiz o Destino que Belchior se apresentasse num Teatro bem pertinho de onde eu trabalhava, no "BALCÃO", em meados de 1981 eu acho, primeiros dias do depois famosos Jornal de Classificados GRÁTIS, na época instalado num casarão antigo, no "SAARA", sigla reunindo as iniciais de várias ruas. No Jornal só rock o dia todo, para desespero do Júlio César, diagramador genial, supercompetente, aprendi muito com êle. Pablo Fletcher, filho do dono, mais "Robinho" (Robson) dileto amigo dele e eu íamos até altas horas "movidos a rock", som baixo demais pro nosso gosto, por insistência e pressão do Júlio.
Juntos fomos ao Maracanã(zão) ver o KISS estourar nossos tímpanos com um canhão real no palco, as arquibancadas tremendo qual geléia sob o entusiasmo dos 110 MIL jovens "transviados" e, adiante, ficando surdos no Maracanãzinho, com Eddie VAN HALEN, um irmão e 2 amigos numa Banda rockeira inesquecível, mostrando a todos como se faz um show de verdade, correndo o palco todo -- com guitarras sem fio, novidade na época -- "incendiando" a bateria e tocando "pra c@r#lho"... foi um 1982 qu marcou nossas vidas !
Mas, voltemos "à vaca fria", digo, ao show do Belchior no Teatro João Caetano eu acho, na Praça São Francisco ou Tiradentes, já não lembro mais. Fiquei perambulando pelas ruas escuras até a hora do evento, caro "pra cacete" pra um favelado, faminto, ansioso, aquela pré-expectativa cheia de adrenalina que antecede algo muito esperado.
Fui para os balcões de cima, visão geral ótima, tudo lotado... Marina, calça justíssima de seda preta brilhante, vestida "para matar", cantava junto alguns trecho. Triste destino: a meu lado uma doida, sonsa, "gorila" de saia (era branca, antes que tachem de racista !) gritava feito possessa cada vez que Marina estava no palco... foi um show de horrores ! Meu prazer inicial se transformou em tortura e eu sem coragem de abandonar a apresentação pelo meio, "pagando mico", expressão que nem existia na época. Ali aprendi o que é FANATISMO, cego a tudo !
Pra minha sorte, uma Rádio FM dias depois mostrou trechos do show apenas com Belchior... gravei e ouvi por anos num "radinho" nojento o show que sonhei assistir no Teatro e que me custou "tão caro" !
"NATO" AZEVEDO (em 6/jan. 2019)