CENAS COTIDIANAS- O FILME DO QUEEN

Há alguns dias nessa semana tenho referenciado em tom de brincadeira a estreia de um filme em minhas conversas: "Só suporto esse trabalho porque sexta estreia Bohemiam Rapsody", "Só não dou voadora nessa pessoa porque sexta estréia Bohemiam Rapsody", etc. Claro que é um exagero. Eu sei.

Estava conversando sobre a perspectiva de planos pro feriado.

EU: Acho que sexta vou pro cinema ver Bohemian Rapsody".

PESSOA: É filme. Fala do que?

EU: É sobre 15 anos da carreira do Queen, a banda do Fred Mercury.

(Ok, ninguém tem a obrigação de associar o nome da música mais famosa de um grupo super famoso a um filme, mas acendi o sinal de alerta).

EU: Você curte Queen?

PESSOA: Não muito. Acho ele muito gay.

* Esperava qualquer resposta: não conheço, é muito antigo, não curto a voz do cantor, etc. Mas essa resposta foi a pior de todas no meu ponto de vista. Pra um homem de 70 seria aceitável, pra um homem de 40 tolerável, pra um garoto de 20 um absurdo. Com esse "complexo de camareira" (exagerado interesse de saber quem dorme com quem) ele deixa provavelmente de ouvir Queen, Elton John, Legião Urbana, Sam Smith, George Michael entre muitos outros. Deixa de apreciar talentos simplesmente porque seu filtro se restringe a ser o cantor um homem que transa com outro. Lamentável demais. Inacreditável.

* Onde a geração X errou? Esse pós adolescente tem idade pra ser meu filho.

PS. Pra geração X creio que Fred Mercury foi uma das primeiras perspectivas de um gay ser aceito e ter sucesso. YouTube nem existia, MTV engatinhava e ele um homem heteronormativo contestava a todos se travestindo de mulher num clipe e sendo aplaudido nisso. (I want to break Free).

(Publicado originalmente no Facebook em 01/11/2018)