O "REI" DA MALANDRAGEM
O "REI" DA MALANDRAGEM
"Um lobo pode perder o pelo,
mas não perde os vícios".
(ditado popular antigo)
Acabo de ler no Facebook hoje, 3/janeiro, quinta-feira, 16 horas, texto de meu amigo virtual Sérgio Spisla conclamando todos a torcer por um bom Governo do ex-deputado federal... num "post" ao lado, minha miga Lucinha de 40 ANOS atrás, ainda jovem e bela -- adversária feroz do então candidato -- fazendo quase o mesmo discurso. Querem me enlouquecer ?! No Brasil, quem comanda o país são os Ministros, presidentes no máximo "dão ordens"... depois dos Planos Collor, Bresser, Inflação Zero, Plano Cruzado, Plano Real e a "bagunça geral" petista vem aí o "Plano 100 DIAS" !.Uai, mas o sujeito não irá governar por 4 ANOS ?!
Sérgio, bem informado, argumenta que é melhor ficar calado do que torcer contra, já que o país piora PARA TODOS... sinto um tom de censura na proposta ! Se tivéssemos PROTESTADO desde 2004 ou 2005 -- quando os primeiros indícios da "sujeira vermelha" se confirmaram -- muito desse desastre financeiro e moral do Brasil poderia ter sido evitado. Agora é tarde para "chorar as pitangas", mas não sou tão cego a ponto de acreditar que um político profissional (?!) que ficou "de costas para o povo" POR 30 ANOS consiga reformar a Nação. Entretanto, SÃO OS MINISTROS que dirigem o país, a Economia sobretudo... êle escolheu bons ministros ou apenas cedeu aos caprichos dos Partidos coligados ?! Responda quem souber !
Esse é um texto sobre música e não sobre as eternas "malandragens" da Política tupiniquim... conheci Bezerra da Silva primeiro em disco LP de 1970 e poucos e, logo adiante, pessoalmente, quando saía de um show de samba e pagode no Teatro Opinião, lá no Shopping da rua Siqueira Campos, em Copacabana. Ficou alguns minutos apreciando a despretensiosa "Roda de Capoeira" que fazíamos toda sexta-feira de noite, em 1976/77.
Quase 10 anos se passaram até que virasse unanimidade nacional cantando "elegias" aos malandros (?!) e sendo praticamente um porta-voz dos Morros e Baixadas cariocas, não tanto do povo trabalhador e ordeiro dessas áreas pobres, mas "do resto". Bem antes disso Bezerra relembrou suas origens nordestinas e as registrou em 2 LPs quase desconhecidos, sendo do segundo disco "O REI DO CÔCO" a "bobagem" que fez sucesso nas Rádios do país inteiro:
"Me chamaram de BOI, / você viu quem foi ?
Eu não, eu não ! / Será que eu tenho cara de boi" ?!
Há coisas bem melhores na "bolacha preta", recuperando as raízes populares que o transformaram em compositor: um "trava-línguas" curioso, um quase cordel de 3 estrofes e uma "chula" de Capoeira, com berimbau e tudo !
Infelizmente, esse ANO E MEIO sem energia elétrica me impede de fazer inúmeras coisas, inclusive reouvir o belo trabalho, a fim de recuperar plenamente as letras das canções citadas. Nesse país de "malandros", um funcionário da maldita empresa de luz torna a tirar conta de um relógio PARADO desde 29 de agosto de 2017... com o consumo "congelado" em 10864, os "cegos" já conseguiram "ler" 861, 862, 863 e, agora, 867 ! E não há LEI ou órgão fiscalizador que encerre isso !
Mas, vamos às músicas, que é o que interessa: (esqueci os títulos)
"O senhor pra cantar comigo / tem que traçar muito bem esse baralho, / que é pra não se atrapalhar... / muito cuidado, seu José / pra não cair do galho" ! E vem, em seguida, o tal "trava-línguas", ao qual êle chama de "trocadilho" -- "para derrubar a sua fama" -- e, de forma surpreendente, canta depois "de trás pra frente":
"É papa, papa-capim, / papa-pinto e papagaio... / papelão, papelaria, / plataforma, planta e paio. / Padaria, pão, padeiro, / pastoril, pato, pastel,/ paraguaio e padroeiro, / papanduva e papa-mel. / Olha o retorno..." e aí, êle vem "descozendo" a canção lindamente. As demais obras são todas expressões legítimas do folclore popular ("Vamos s'embora, neném, / que esse côco não vai acabar bem!"), tanto esta com toda a estrutura do Cordel, "quadrão" de 8 versos, como a "chula" com berimbau-viola "arranhado" mal e mal, mas cuja letra respeita e honra as tradições antigas da prática secular. Agora, é sentar e ouvir !
"NATO" AZEVEDO (em 3/jan. 2019, 21 hs)