CENAS COTIDIANAS - O FRENTISTA
No posto de gasolina o frentista muito solicito me auxilia a parar o carro na vaga (parecia manobrar um avião...kkk) me cumprimenta, reclama do calor, pega uma garrafinha de aguá e até me oferece um gole.
Logo percebi que ele "não era tão normal", afinal infelizmente tanta naturalidade e gentileza não é o comum. Acho que algum comprometimento no desenvolvimento cognitivo, mas é apenas desconfiança.
O rapaz se ofereceu inclusive pra ver água e óleo do motor, etc. Muito prestativo. Muito atencioso. Simpático.
Quando fui pagar ele perguntou: "E esse óculos?".
EU: "O que ele quer saber do meu óculos" - pensei.
FRENTISTA: Faz tempo que você usa? Ele dói sua cabeça?
EU: Respondi que uso óculos a uns 15 anos, que meu grau é fraco, é mais pra descanso. Perguntei se ele tinha levado o óculos de volta no oftalmo pra conferir o grau e se era bifocal, pois é mais complicado acostumar se for.
FRENTISTA: Nossa! Será que tá errado? Eu não to me acostumando. Eu não enxergo de longe e nem de muito perto. É dois graus. Poxa! Ainda bem que perguntei. Ninguém me avisa nada. Acho melhor levar, né?
EU: Leva sim, mas se é pra perto e longe é questão de se acostumar mesmo.
FRENTISTA: Legal. Olha que se a gente não se ajuda, a gente fica sem saber, né. Obrigado.
Também agradeci. Pelo cuidado, pela atenção e por me relembrar (nunca esqueço) que ESTAMOS TODOS NESSE MUNDO PARA NOS AJUDARMOS. Uma pena que tanta gente mais "normal" (e menos humilde) não saiba dessa lição que esse rapaz parece entender tão bem.
(Publicado originalmente no Facebook em 22/10/2016)