A janela de Leonardo
O Leonardo é Morato, descendente e parente dos Moratos que têm a ver com Pitangui desde o século XVIII, se não falha minha memória, ou os registros de Sílvio Gabriel Diniz, louvados que são na nossa história.
E à semelhança de muita gente ilustrada de seu clã, o jovem Leonardo, se tiver plantado uma árvore terá cumprido os preceitos vazados no dito popular que alinha os passos essenciais da realização do homem: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro - em qualquer ordem. Pois bem, como eu salientava, entre os ilustrados Moratos, para apenas citar meia meia-dúzia, tivemos o excêntrico José Morato, duas vezes Prefeito de nossa cidade, que além de eminente professor de História, que com seu vozeirão cavernoso e suas parlendas nhambiquaras, manteve acesas nossas paixões escolares, sobretudo na generosidade com que avaliava nossas horrorosas provas, e mais, prestigitador de truz, sua fama espalhou-se pela região, e mais ainda, legião de moças casadoiras, e de jovens mães pressurosas do sucesso futuro de seus rebentos. Um ícone da Velha Serrana.
Um outro Morato, corporifica-se na memória de Eugênio, irmão de José, que se tornou personalidade de grande destaque no cenário das letras mineiras, na capital do Estado. Muitos de seus contos e poemas tornaram-se leituras obrigatórias do cenário literário mineiro.
E, antes de chegarmos ao Leonardo, a ordem cronológica traz-nos um outro Morato de expressão na figura do Oscar, dinâmico empresário bem sucedido de Pitangui e da região, no ramo do comércio.
Assim, amparado na expressiva linhagem, Leonardo, ao lançar sua obra sobre o Turismo em Pitangui, consolida ainda mais a presença dos Moratos na nossa sociedade. A referida obra, de cunho informativo e propositivo, aborda a complexa questão da vocação, perspectivas e realização turística como mecanismo propulsor abrangente da economia desta nossa tricentenária cidade.
A tarefa em si, embora estribada em boa metodologia, e vasto referencial bibliográfico, além de recurso recorrente a fontes primárias - essenciais nesse tipo de trabalho - é tarefa hercúlea, sobretudo quando depende da conciliação do tempo para os estudos acadêmicos desse turismólogo autor, as suas demandas de trabalho e domésticas e, entre outros, o fato de morar longe, em Brasília, onde as realidades são tão diversas e dispersas.
Mas o que conta é que o Leonardo cumpriu cum laude o que se propôs, e nos entregou sua obra no dia 16 de novembro último, em tocante e auspiciosa cerimônia na Pousada Monsenhor Vicente, prestigiada por mais de meia centena de presentes ligados ao setor turístico, às letras, à cultura, ao comércio, ao esporte, numa noitada inesquecível em que cabe registrar a presença do Senhor Prefeito Municipal, Marcílio Valadares acompanhado de qualificados assessores, do mega-empresário Haroldo Vasconcellos, e Senhora, proprietários da Pousada Monsenhor Vicente, e apoiadores de diversas iniciativas culturais na cidade, além de diversos autores consagrados da cidade em ampla variedade de gêneros literários. A citação de mais nomes aqui, embora de central utilidade para o leitor poderia contudo levar-me a alguma inadvertência e esse pecado, mesmo sujeito a emenda, não se paga nem se apaga...
E aí, a nos mirar, está o talentoso e diligente autor, de sua janela, ainda que na remota Brasília. Inobstante, Leo, se há janela, aja nela...afinal foi sob uma delas que Romeu, para Julieta, sua história de amor teceu...