PRÉ-OCUPAÇÃO
- Crônica do dia 27-12-2018-
Um dia meu amigo Bola me falou:
- Cabeludo, quem morre de véspera, É PERU!
Segundo ele, “desgraça pouca é bobagem”.
Eu lembro-me uma vez que estávamos com um problema terrível para definir a estratégia para vencer a campanha política de 2012.
Dinheiro pra caramba do outro lado, a gente liso!
A polícia do lado da turma, o promotor com um comportamento difícil, até hoje, para mim, de ser compreendida a origem de suas propulsões maléficas... TAVA UMA DESGRAÇA!
Sentamos em frente à casa de Geraldo Secundo, no centro histórico de Água Branca.
Júnior Binga, Bola, Luiz Carlos, e eu. Os quatro bêbados do centro da cidade!
Reuniões, discussões... ASSEMBLÉIAS, praticamente.
Nenhuma solução era encontrada, e daí, toda a dificuldade de virarmos aquele jogo.
- Cabeludo! Quer saber de uma? Vamos tomar uma que a cabeça refresca... Ahhh... Já estou cansado, e outra, se ficarmos aqui no Centro, VAMOS LEVAR UMA PIZZA DE ARRANCAR OS COUROS, se passar essa turma do Zé Gabiru.
- Então eu vou pegar um litro pra cada um e a gente assa uns sonhos de noiva da Calábria, bota uma cebola, bota um som e a vida flui... Leva o canceroso!
Conversa vai, conversa vem, entre um gole e outro, risos e alegrias, afinal, BOAS IDEIAS SÓ APARECEM QUANDO ESTAMOS FELIZES.
Surgia a grande ideia que foi a “EURECA!” daquela noite:
- Um TELÃO!
Simplesmente, Água Branca é um lugar onde a imprensa é corrompida, muita gente é empregada comissionada da prefeitura de forma indevida.
É diferente de pensar que isso é maldade do povo. O povo de Água Branca é muito bom! Pra falar a verdade, o povo do país inteiro é muito bom. APENAS FOI CONVENCIDO DE QUE É MAU.
Em um processo muito corriqueiro que cria uma coisa chamada de SÍNDROME DO IMPOSTOR.
O povo de Água Branca sempre foi muito trabalhador. Sempre foi o povo que plantou, colheu e forneceu alimento para todas as cidades desta microrregião MA-RA-VI-LHO-AS!
Porém, quando se vê o filho passando fome, é muito fácil vender a alma para o diabo para alimentar um filho.
“É impossível se dominar uma grande civilização por fora, sem primeiro dominá-la por dentro”.
Frase linda né! Mas é minha não... É de Bertold Brecht.
Há pobres soberbos e ricos humildes. Conheci diversos com essas peculiaridades. Seria interessante olhar para o outro.
Ver a pessoa, seu coração, seus sentimentos e a linguagem universal da vida que se estampa em um brilho de olhar.
E devido à ignorância perpetrada em um processo coletivo de Síndrome de Estocolmo. Fomos agredidos verbalmente, fisicamente, e, principalmente, PSICOLOGICAMENTE.
E em uma das noites em que fui trabalhar até mais tarde na casa do Companheiro Darles, ele fritou uma linguiça de frango com tanto óleo de girassol, que desonerou meu intestino.
Eu só escutei o estralo nas tripas, pulei mais rápido que “imediatade” entre a dedada e o “UEPA!” e saí correndo para o banheiro, que era externo.
Numa escuridão terrível, no meio da madrugada com a lâmpada dos postes queimadas, e eu aflito, pulando igual cabrito novo, vejo um homem de mais de cem quilos com uma faca de três riscos na mão gritando nervoso:
- Que porra é essa? – Ele disse com a luz ainda apagada. – Que é que você está fazendo aqui porra?
- Eu vim cagar! Falei desesperado.
- Cabeludo... Vá fazer medo a quem tem coragem, brother!
- Hei... Agora, quase que eu me resolvia aqui mesmo, pow...
- Deixe de ser fresco rapaz! QUEM MORRE DE VÉSPERA É PERU!
Graciliano Tolentino