O PRIMEIRO RANGO DE 2019

"Bom dia família! Passando para convidar vcs pro primeiro almoço do ano, aqui na minha casa, no Toco. Tragam os R.O. (Restos de Ontem) kkkk."

A mensagem de 31 de dezembro de 2018 no grupo da família no whatsapp, gentil e direta, foi de minha irmã Célia. O convite motivou uma conversa cheia de gracinhas (porque minha família adora uma gracinha), com coisas do tipo: "é o almoço do tiquim, cada qual leva um tiquim de comida".

Nas famílias, pelo menos nas que tenho por perto, em geral se aproveitam as sobras da festa para o almoço do dia seguinte, o que é nobre, porque a gente evita o desperdício e ainda pode dormir um pouco mais, já que não vai ter que ir pra a beira do fogão fazer tudo novamente, no dia seguinte.

Então, no primeiro dia do ano, todos rumo ao Tôco, bairro em Caucaia-CE: meu pai, sete dos meus oito irmãos e eu, minhas filhas, sobrinhos e sobrinhas, cunhados e cunhadas... contei vinte e cinco criaturas na casa.

Imagina a confusão quando minha irmã anunciou "bora comer, tá pronto!". Pense numa zoada grande! Correu todo mundo para a cozinha, cada um com seu prato na mão, servindo-se do tradicional R.O., complementado por linguiça, carne e peixe na brasa. E depois, sentados no chão (porque somos "simples assim!", sem frescura) comemos e conversamos e rimos e fomos felizes.

A diversão seguiu após o almoço, quando sentamos no terreno vizinho, procurando escapar do calor dos infernos que está o planeta, para o momento das piadas, das recordações e, claro, da música. Pedim tocou e cantamos juntos... tentamos, tudo bem, mas o que vale é que estávamos unidos numa só voz (várias vozes desafinadas, na verdade)... Enfim, estávamos juntos e isso é o que importa. Mas também, "Trem das onze" não é a música mais fácil de ser cantada, né? O que saiu melhorzinho foi "Madalena" (suponho que por isso Bruno, meu sobrinho, puxou o refrão repetidas vezes) e "Quero dormir em teus braços", do Franquito Lopes.

Meu irmão mais velho, que adora uma história, pedindo pra parar a música, contou: "Quando eu era pequeno, a mãe comprou um Cepacol e todo dia eu tomava uma colherada antes do almoço...aí um dia ela viu e disse 'menino, tu tá é tomando isso?' e eu respondi que era tarde porque só tinha a colherada do almoço do outro dia".

Rimos muito! Minha mãe nem soube o que era Cepacol na vida e mesmo que soubesse, àquela época não teria dinheiro para comprar um, diante das prioridades e do pouco que tinham. Mas o jeito dele contando é tão engraçado que ninguém resiste.

Foi um dia maravilhoso! Tirando "a posse", na tarde de hoje, e tudo o que ela representa pra mim, o que vivi me deixou muito feliz.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 01/01/2019
Código do texto: T6540570
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