RETRO(PROS)PECTIVA

2019!

Que venha com suas expectativas, esperanças e questionamentos.

A todos que me prestigiam durante o ano que está em trânsito muito obrigado.

Desculpas para quem não me entendeu.

Escusas para quem não fiz questão de não escutar.

A todos e todas, um 2019 seguro... rumo ao futuro.

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Fazer ou ao menos pensar uma retrospectiva é comum. Creio que todos fazem. Pensam-na. Com mais ou menos ênfase em relação à publicização, visibilidade, reflexão e importância. O passado é sempre presente.

Em forma de tópicos – interessantes para mim –, formulo uma espécie de olhar para uma parte do que passou e foi significativo nos últimos 12 meses. Esboço uma revisão reflexiva e crítica de acordo com minhas percepções e tento (nada mais do que tentar) jogar minha proposição sobre o futuro de cada um dos tópicos elegidos.

A ordem dos tópicos não rege a importância dada ao mesmo. Poderiam ser outros. Muitos outros. É aleatória.

1) Vida.

A vida é. Mas não é o que pensamos que é. A filosofia, depois a razão e atualmente a ciência com a nanotecnologia e engenharia genética e mais especificamente a promissora área da neurociência formularam e formulam o conhecimento em que precisamos confiar para nos informar, formar e ensinar. Mas estarão estas perspectivas no caminho certo? Não sabemos e uma resposta adequada, ou não, sempre está no futuro. O futuro reforça ou derruba todos os conhecimentos que temos em dado momento histórico sobre o que quer que seja. E não é uma questão de verdade; é questão de atualização. O mundo humano precisa evoluir porque não se satisfaz com o que sabe e o que tem. A razão está em que os significados e os sentidos atribuídos ao que produzimos são artificiais, abstratos. Como não podemos negá-los temos de aperfeiçoá-los. Do contrário a vida seria um caos.

O futuro da vida reside nas ciências. Com pequenas participações das filosofias racionais, religiosas e espirituais (metafísicas). As questões básicas continuarão as mesmas: de onde viemos, para onde vamos e como podemos viver da melhor forma o intervalo existente entre os dois pontos.

Este intervalo é o que nos permite participar do que chamamos de vida. Nela estamos ou participamos e a partir do que entendemos dela que construímos tudo que sabemos. Ela não se resume na perspectiva humana. Está em diferentes perspectivas, não humanas. E pode estar em outras partes do universo e com formatos diversos. Inclusive em forma de vida com as mesmas características, humanas.

Em vida, para a mais avançada ciência e ao mesmo tempo para todos os mortais singulares – embora não o saibam – três aspectos precisam ser alcançados para que o significado e o sentido sobre a mesma sejam importantes: vencer a morte, alcançar a felicidade e tornar-se ‘deus’. Sem vencer a morte não há felicidade. Só como promessa posterior a vida. Uma vida ideal. Alcançando e superando a morte a felicidade é possível. Para manter a felicidade, porém, humanos precisam dominar, criar e recriar a própria vida e os seus sentidos redirecionando aspectos subjetivos que impedem a felicidade. Ser ‘deus’. A ciência quer prometer isso: programar cérebros para isentar humanos de sentir medos, tristezas e dores rumo a permanente satisfação. O que se chama de felicidade no contexto binário desejo-consumo atual. Um ‘deus-homem’. Utopia como foram todos os deuses já inventados.

2) Profissão professor.

Fui feliz em 2018 como professor. Parafraseando um parceiro espero continuar sendo. Não piorando já é um avanço em tempos ‘bicudos’.

Ser feliz significa, a propósito, estar satisfeito. A docência nunca foi um ‘mar de rosas’. No mundo capitalista desumano, creio, nunca será. Ser professor remete em ter posição crítica frente à realidade. Tudo que o sistema capitalista desumano não admite. Há, no entanto, contextos em que mesmo sendo o sistema vigente o capitalismo em que os professores são ‘mais’ valorizados. Chamo esses contextos de espaços em que o capitalismo está sinalizando com a possibilidade de humanizar o próprio sistema frente às crises e sua iminência em desaparecer se continuar insistindo na geração da desigualdade de acesso aos bens culturais.

O professor não é bem visto nos espaços em que há uma classe política aliada a grupos diversos de domínio e exploração como é o caso do Brasil. Aqui, há três classes que dominam e exploram de forma desumana sobremaneira os sujeitos sem formação crítica e de forma seletiva os que se consideram críticos: a classe política, a classe econômica e a classe religiosa. Nesse contexto o professor precisa ser dirigido em seu trabalho para não despertar os sujeitos sobre a realidade. Tornar as pessoas críticas nesse contexto não faz bem ao sistema que precisa dominar e explorar para não se sentir ameaçado. Por isso, a educação brasileira é tão problemática. Nesse sentido, aqui, no contexto brasileiro, o professor está ameaçado.

3) Passado-Presente-Futuro.

Dizem alguns que não há presente, nem futuro. Há (houve) passado. O passado seria ‘tangível’. O presente não. Quando escrevo ‘p r e s e n t e’ ao ‘clicar’ a última letra já estou no passado. O agora é muito difícil de mensurar em relação ao tempo e espaço. O presente e o futuro seriam possibilidades, não realidade como foi o passado. Enfim...

O discurso é um tópico logo a seguir. Uso-o aqui para tentar expressar minha compreensão. Não há nada fora do discurso no ‘mundo-humano’. Há um mundo e há um ‘mundo-humano’ dentro do mundo criado por uma espécie que se autodenomina. O mundo não é discurso. O ‘mundo-humano’ só é inteligível no discurso. A invenção das palavras (o discurso) engendrou essa possibilidade. Sabemos com mais ou menos segurança (depende da perspectiva investigativa que cada um admite) sobre como se iniciou o processo da linguagem, das palavras, sua comunicação, seu discurso. Mas não há quem possa imaginar como vai terminar. Nem qual sua forma daqui a algumas centenas de anos – se ainda existirem humanos.

Há, portanto, para mim, um passado sólido e significativo em que posso me apoiar para me compreender melhor. Sou passado. Minha subjetividade tem forte fundamento nele. Formas de pensar, de ser e de se comportar tem raiz no passado. Ou como disse Nietzsche, ‘sou o que faço do que fizeram de mim’.

O presente permite-me censurar o passado alterando o próprio. Constitui-se o passado uma sobreposição de presentes. Construo-me na validação do passado, não do presente. A valorização de uma pessoa está carregada e situada no passado. De forma muito irrisória e passageira consideramos alguém com base no agora. O presente, o agora, em verdade é um movimento de fenômenos em sequência que ainda estão por acontecer. É o futuro.

4) Formação docente.

A formação é antes de tudo humana. Em processo. Em movimento. Permanente. Nascemos, vivemos e aprendemos: viver e morrer.

Como professor tentei neste ano que passou aliar conhecimento disciplinar a uma perspectiva formadora humana. Falta-nos humanidade. Abundam conhecimento/informação. É um desafio transformar informação em conhecimento a favor da humanização dos alunos-sujeitos que nos são confiados. Outro desafio é eleger os conhecimentos realmente importantes em um contexto de transformações rápidas e agressivas em que nem sempre há relação entre o que ensinamos e o que praticamos ou precisamos praticar frente aos contextos macro sociais.

Nossa formação docente é crítica e criticada. Procuramos levar os alunos à reflexão. Somo criticados por fazer isso. Na forma e no destino que damos aos conteúdos nas diferentes disciplinas. Suscitamos diferentes olhares sobre o mesmo real que produzem diversas realidades. Mobiliza e movimenta a realidade, o que provoca conflitos em uma sociedade que vê as mudanças como empecilhos à qualificação da vida social.

O futuro da educação e formação docente no contexto brasileiro é ameaçador. Há propósitos escusos, econômicos e desumanos em transformar toda educação em perfil estritamente comercial, em produto como qualquer produto de um mercado de vendas. Nesse sentido, vejo-a rapidamente caminhando para ser um pacote que pode ser comprado de acordo com as necessidades de inserção social dos sujeitos, mas principalmente de acordo com as posses econômicas deste sujeito. Não acontecendo nada que resiste a este processo creio que a educação pública e crítica deverá dar lugar a educação comercializada em ‘espaços-tempos’ que servirão especificamente para incluir o indivíduo ao mundo do trabalho. Mão de obra e produto a ser oferecido ao mercado tal qual é qualquer outro produto de consumo. O capitalismo consome indivíduos para sua produção de ‘desejo-consumo’ assim como nossa churrasqueira consome carvão para fazer o espetinho.

5) Leituras.

Foi um ano de muitas leituras. Maioria de caráter necessário às disciplinas articuladas com alunos regulares no curso de Pedagogia e Geografia (URCA); outras foram junto a alunos do PARFOR e pós-graduações em diferentes instituições de nível superior.

Livros inteiros foram cinco: a) HomoDeus (Harari); b) Da relação com o saber às práticas educativas (Charlot); c) Pensando o futuro da educação (Jarauta e Imbernón, Orgs); d) Cérebro – uma biografia (Eagleman) e e) Didática (Cordeiro). Além de releituras de livros, capítulos de alguns e artigos de interesse e/ou curiosidade.

A leitura me leva aonde meus passos não podem ir. Fazem-me compreender um pouco o que as formações me impedem. Arrisco-me refletir que toda formação está no empoderamento que as leituras potencializam. Os títulos apenas hierarquizam um processo social de colocar algumas pessoas em topos diferentes da maioria. A diferença entre a leitura individual, solitária e a formativa está nas possibilidades de adquirir diferentes visões sobre o tema em questão.

Para o futuro a vista, chamado 2019, intento ler mais para conhecer outras visões. Reelaborar aquelas que considero oportunas ao momento formador e desconstruir algumas que me incomodam para acomodar outras no lugar – até que essas também incomodam. A leitura é um exercício circular. Não tem começo, nem meio, nem fim. Mas tem necessidade de se qualificar. Sempre.

6) O discurso.

Duas curiosidades destacam-se no meu campo de interesse sobre o discurso. Entender melhor a formação ideológica do discurso, especialmente sua etiologia no espaço e tempo histórico e aguçar a perspectiva de que o discurso sendo o fundamento de todo evoluir humano tende a ser a sua própria destruição. O estudo do discurso é fascinante. Abre as portas da compreensão da confusão geral entre o real e a realidade.

A compreensão do discurso como necessário, mas ao mesmo tempo representativo e abstrato da realidade configura todas as ações humanas. Subjetivas, intersubjetivas e objetivas. Nada escapa ao discurso e nada está fora dele. Qualquer novo elemento que ainda não tenha nome (portanto ainda ‘não-discurso’) rapidamente recebe tratamento discursivo (um nome) para ser inserido no mundo do discurso.

Nesse viés somos discurso. As pessoas compreendem o que são e o que podem ser de acordo com a configuração de um discurso. Familiar, social, religioso profissional, entre muitos outros. A compreensão e o entendimento humano são exclusivamente discursivos. É uma convenção do que se deve entender e de como se deve agir em qualquer situação.

A formação crítica fez evoluir a compreensão do discurso como elemento representativo e não ‘real’ da realidade. Crenças e grandes símbolos perderam o crédito de serem verdades irrefutáveis. As mais fechadas religiões procuram adequar o seu discurso de dominação e exploração direcionadas ao discurso vigente da representatividade e simbologia. Em relação a um passado próximo são poucas as pessoas que de fato acreditam em céu e inferno como lugares em que se repousa ou queima eternamente. Nem que um ‘deus’ pode resolver todos os problemas econômicos da vida cotidiana. Mas as religiões continuam vendendo ilusões a respeito da vida e da morte. Em forma de discurso.

Mais uma vez, em relação ao futuro, a compreensão acurada e elaborada do discurso está nas mãos de quem direciona a educação escolar, especialmente nas instâncias superiores onde o senso crítico encontrara espaço nas últimas décadas. A escola sem partido ou de um partido só pode castrar o processo em andamento de solidificar uma grande massa de pensantes sobre a realidade nos seus diferentes enfoques.

7) Deus.

Deus existe? Deus não existe? Não há resposta adequada para nenhuma destas duas questões. Evidências não são provas. São deduções, indicações, especulações. Há algo além da nossa compreensão e que exerce influência sobre nossas ações? Sim. Mas esse algo não chega perto de nenhum ‘deus’ de nenhuma definição, crença ou especulação sobre como seria o Deus que se expressa nos diferentes contextos, perspectivas e espaços discursivos. Há uma metafísica que não é, necessariamente, divina. E se há mesmo um ‘Design Inteligente’, nossa compreensão está distante do mesmo. É apenas especulativa com pequenos sinais de aproximação ‘anos-luz’ de uma constatação ‘real’.

Talvez a invenção de todos os ‘deuses’ do passado e do presente sejam necessários à frágil situação humana frente ao seu próprio destino. Temos destino? Creio que não. Acredito que somos o próprio destino. Estamos nele o tempo todo e vamos estar nele independente de nossa condição orgânica. Somos ciclos na e da natureza. A vida é um ciclo. A morte também. Ou a vida pode ser uma possibilidade dentro dos ciclos. Nessa perspectiva.

O futuro de Deus é Dele. Se ele existe dará conta do que a Ele se remete. Não existindo, e o homem evoluindo na superação da morte como apenas ‘um problema técnico’ (morre-se por que uma ou várias peças do ‘corpo-motor’ deixam de funcionar adequadamente) que tende a ser resolvido em velocidades interessante, o homem pode confundir-se com o próprio ‘deus’ no futuro. Será de fato a revogação do ‘O futuro a Deus pertence’ para ‘ O futuro pertence ao homem’. Far-se-á jus que são as escolhas que se fazem que indica o que se pode ser amanhã.

8) Relações humanas.

Escutei muitas pessoas neste ano sobre relações humanas em suas diversas configurações. Alunos e alunas nos mais diferentes contextos que as disciplinas permitiram e em muitos momentos específicos tentando ajudar pessoas compreender melhor a vida, fizeram que eu entendesse melhor a minha.

Em todos estes momentos percebi um consenso possível. As relações estão vacilando. Amizades, parcerias, colegiados, namoros, casamentos e todos os demais possíveis. O individualismo está consumando as possibilidades coletivas e de parcerias. O risco de se envolver em uma relação é muito eminente. E todos pensam uma relação a partir dos riscos e não mais a partir de possibilidades. Este é um fato que se pode discutir.

A supremacia do individualismo como síntese de satisfação em detrimento da qualificação da individualidade como elemento de crescimento e evolução do ser humano e as relações sociais configuram a crise nas relações humanas em todas as esferas pensáveis. O maior amor possível é aquele que se tem por si mesmo. A célebre frase que quem não sabe amar a si próprio não sabe amar o outro está equivocada. O amor só é possível em relação. Aprende-se amar com alguém. Amor-próprio não passa de egoísmo. O que difere de cuidado e preservação de si.

9) Sociedade.

A sociedade é uma reunião de indivíduos e sujeitos. Todos os sujeitos são indivíduos, mas nem todos os indivíduos são sujeitos. Cada sociedade é contextual. Há sociedades de ‘humanos’; não há sociedade de sociedades. Ao menos no discurso válido ainda não.

A sociedade está complexa e complicada. Complexar e complicar-se-á ainda mais nos próximos tempos. Como já acenado anteriormente, o discurso está na base dessa estrutura cada vez menos compreensível às grandes massas humanas sobre como funciona uma sociedade.

Ao contrário do que se esperava e declarava no limiar da Mundialização (globalização) de que as pessoas de diferentes espaços e os poderes subjacentes seriam mais solidárias, percebe-se uma distância ainda maior proporcional e diante das possibilidades entre os que os que dominam e os que são dominados pelos centros de poder (entidades discursivas imaginárias). E a tendência não é de uma sociedade em que seremos mais humanos no sentido de compreensão da fraternidade como fundamento e sim de uma sociedade cada vez mais centrada no poder de um ‘deus’ que se bifurca em dois elementos, conhecimento e dinheiro, mas que, como penso, logo será de um elemento só: Dinheiro – o ‘deus’ moderno.

10) Política.

A política, no contexto brasileiro exemplarmente seguindo outros contextos, revelou a personalidade e a alma de muitos que estavam perto de cada um de nós. Revelaram a nossa também á outridade. Foi um ano interessante. O discurso mostrou a que ponto pode chegar o comportamento. Almas silenciosas e alocadas em seus mundos invadiram o mundo do discurso e revelaram ‘verdades’ até então inomináveis. Amizades, empregos, conceitos e até casamentos foram destroçados com base na ‘política’. Ao misturar o politico com o discurso particular confirmamos a ideia da construção do humano e do político. Ainda não estamos nem humanos, nem políticos.

Ainda que não sejamos conscientes políticos nossas ações são políticas. Todas. Gosto de dizer que minha ação política começa quando sento no vaso sanitário todas as manhãs ao levantar da cama. Compreender que todas as nossas ações influenciam todas as relações sociais é entender como atitudes e comportamentos constituem a própria política em ação.

Mas esse entendimento não é interessante. A nação inteira – parece-me – voltou-se somente para o entendimento da politica como motivação de sentimentos guardados no inconsciente e que, como num sonho à freudiana, ganharam a liberdade ‘onírica’ para se expressar de formas tão diversas que até agora não encontrei nenhum psicólogo ou sociólogo que fosse capaz de sintetizar esse comportamento que nasceu nessa campanha política. A política como ideia de mediação social negociada e articulada virou confronto de ideologias defensivas individualizadas de um modo de pensar as relações sociais mais amplas. As ideias que sintonizaram ideias afins formaram confrontos em relação às ideias que não se afinaram. E o circo (quase) pegou fogo. Talvez, preparou-se para uma fogueira maior. Espero que não.

E o futuro sobre esse contexto?

Desejo e aposto na esperança. Com ressalvas situadas. É desafio de cada sujeito crítico confiar na desconfiança. O passado conceitua nosso valor no futuro. Os políticos envolvidos na proposição maior da liderança nacional não ofereceram confiança necessária para uma posição consciente em favor da esperança. Nenhum. Todos estavam envolvidos em algum tipo de comportamento inadequado à probidade e lisura comportamental como se idealiza o comportamento político de alguém que representa o sujeito social. Estabeleceu-se a necessidade do direito ‘democrático’ de escolher o ‘menos pior’ ou o ‘dar uma chance’.

Os políticos não gostam do elemento que eu considero fundamental para que tudo seja mais adequado: TRANSPARÊNCIA, de fato e em ato. Não é segredo. Nem receita. Deveria ser exigência pública de quem me representa. Metaforizando: ‘o que o meu representante político está fazendo com o ‘cheque em branco’ que eu lhe dei.

Outro fato que me incomodou, impressionou e fez evoluir o meu conhecimento sobre o discurso foi a incrível capacidade de adequar os significados de conceitos a uma posição pessoal. Significados como ‘corrupção’, ‘ódio’, partido, religião, estado, educação, entre muito outros, simplesmente saíram da esfera dos léxicos para se tornar conceitos individualizados e grupais dependendo do pensamento em situação. Conceitos e significados tornaram-se elementos comparativos com o adversário político. Assim, para dar um exemplo, corrupto não é o que rouba o povo, mas sim aquele que rouba mais o povo. Números tornaram-se o parâmetro do discurso vigente. E é esse discurso a que me referi já, penso eu, que pode destruir a humanidade. A destruição de um referencial padrão para dar lugar a uma pulverização de estados mentais, comportamentais e anular os conceitos e significados como referentes, PODE ser a ‘Torre de Babel moderna’. Uma ‘sociedade’ sem padrões e sem orientação paradigmática deixa de ser sociedade. Seria a volta das sociedades primitivas?

À propósito:

Lula não é inocente, mas sua prisão é.

11) Brasil.

Acredito, como muitos, que o Brasil tem as condições de ser a Potência do mundo. Em termos de recursos, espaço, riquezas e um povo que trabalha podem ser validados como as características de uma potência que supere qualquer outra em termos comparativos e valorativos.

Parece-me, no entanto, que não temos noção dessa possibilidade em termos de coletividade. Não são os políticos os responsáveis pelas mazelas e falta de avanços nas áreas sociais estratégicas. É o povo que elege e, especialmente, não fiscaliza o político em suas ações representativas. Por isso o conceito de que não somos um povo politizado tem sentido. Brincamos com a eleição dos representantes que uma vez nos centros de comandos, sabendo da nossa falta de seriedade com eles, não tem a menor preocupação com a seriedade da gestão dos recursos públicos. Uma vez eleitos, brincam com o povo assim como o povo brincou ao votar neles.

O futuro do Brasil depende das decisões que serão tomadas por estes representantes que cada brasileiro ajudou colocar no poder. Depende, também, da visão que se constrói ao longo de um tempo sobre o ideal de nação que se deseja em termos de políticas públicas nas áreas da Segurança, Educação e Saúde que são os eixos centrais de toda atividade humana de uma nação.

O Brasil pode ser uma grande nação. Mas enquanto a Segurança, a Educação e a Saúde não forem prioridades de todo brasileiro, seja na sua esfera comportamental e na esfera das escolhas representativas, não será nem nação. Antes, se continuar o processo de destruição desses pilares sociais coletivos, podemos nos tornar uma nação colonizada em busca da exploração de todos os recursos naturais até nos tornar uma ‘áfrica’ ‘sem eira nem beira’.

12) Redes Sociais.

As redes sociais são uma forma de comunicação em que se manifestam características subjetivas de seus usuários. Muitos ainda são os que têm medo de se expor nas redes. Medo de ser mal interpretado pelo outros. Muitos destes são capazes de jurar que não julgam os outros de forma equivocada. Há sempre outro por trás das justificativas necessárias às nossas ‘certezas comportamentais’.

Redes sociais são importantes. São extensões da vida. Podem aproximar e afastar pessoas por meio do discurso. É a forma de comunicação do momento. Nem sempre foi assim. E no futuro outras formas de comunicação tomarão seu lugar. A vida é movimento.

Mobilizei muitos saberes durante o ano nas três redes expressivas que uso: twitter, blog e face.

Continuarei usando os mesmos meios como instrumentos de divulgação dos saberes que articulo e dos que procuro reelaborar por meio dos estudos e leituras que me proponho a fazer.

Gosto e não tenho receio de compartilhar o que penso. Evoluo em rede, lendo, observando, provocando, tentando fazer pensar... refletir... enfim...

A todos e todas, um 2019 seguro... rumo ao futuro.