O Especialista em si Mesmo
É o indivíduo que se especializou em defender como únicos seus próprios gostos, vontades, visões de mundo, preferências e parâmetros de valores.
Não deve ser confundido com aquele cujo autoconhecimento o leva a descobrir a origem de seus preconceitos e limitações espirituais e que muitas vezes ajuda os demais a encontrarem dentro de si suas verdades.
Ele tem uma boa experiência em repudiar, rebaixar e silenciar opiniões contrárias das quais não interessa mesmo aquilo que elas podem acrescentar as suas buscas.
Ele torna o diferente seu inimigo de forma a preservar a todo custo, inclusive do bom senso e da inteligência, não simplesmente o que entende por certo e verdadeiro, mas a certeza de o que defende como tal são as únicas e definitivas verdades.
Não deixando brechas para outras possibilidades, este dogmático avança inclusive sobre a inteligência própria e dos outros. A inteligência é facilmente abrandada quando o questionamento é criminalizado e a dúvida fonte de pecado. Reagir a crítica como uma ameaça e rechaça-la com agressividade é uma ótima forma de evitar que um questionamento se transforme em reflexão sobre os próprios pensamentos e certezas.
Não é sem motivos que gurus filosóficos ou religiosos apelam para esta técnica. Eles sabem que a melhor forma de manter seus seguidores é afastá-los de qualquer pensamento que leve a questionar suas verdades. Então ver o que questiona como um adversário e as dúvidas que ele traz como manipulação ou tentativa de doutrinar é a melhor forma de imunizar o seguidor contra a inteligência.
Afinal não há inteligência sem crítica e sem questionamentos, embora possamos ter crítica e questionamentos sem inteligência quando estes se motivam não pela vontade de saber, mas pela vontade de continuar acreditando.