OS GATOS DA MINHA VIDA

Tive pouco contato com os felinos, apesar deles viverem aos montões na sede de uma empresa em frente da minha casa. Após adotarem um vira-lata, foram sumindo...

Bem na frente da casa há uma praça. Vivia cheia de matagal. Aí vivia um gato solitário, macho, preto com coleira branca. Na chuva, no frio dormia numa toca de cipós. Os moradores da redondeza davam-lhe alimentos. Chamavam-no de Alan.

Penalizado, fui trazendo pouco a pouco para dentro da casa. Na sala da tevê, no sofá, ele ficava lado ao lado do cachorro que tínhamos. Olhavam de revés...mas não se brigavam.

Do outro lado da rua, morava um médico. Jovem ainda. Criador de canários. O Alan vivia em cima do muro cobiçando os pássaros, balançando o rabo. Certo dia, o dono das gaiolas deu umas pauladas no Alan, matando-o. Pegou-o nas duas patas e jogou-o defronte a minha casa. Não disse nada. Apenas peguei-o e dei-lhe uma sepultura digna na própria praça. Nunca mais nós nos cumprimentamos. Decorridos uns três anos, o médico veio a falecer acometido de um câncer...

No quintal possuo pequena cobertura onde abrigo os botijões de gás. Nela certo ocasião uma gata deu à luz três gatinhos... Foram crescendo. Dava-lhe ração e água. Eles viviam correndo pelo corredor, pelas tubulações dá água da chuva.. A faxineira num descuido deixou o portão para a rua aberto. Eles aproveitaram e fugiram para a praça, ainda com bastante mato. Não consegui mais encontrá-los. A mãe gata, todas as noites miava melancolicamente chamando pelo filhotes. Aquilo doeu por um bom tempo.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 30/12/2018
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