Pequenas histórias 160
Teu olhar de cálida
Teu olhar de cálida luz envolve-o de escuridão onde o medo dos passos imprimiu marcas na areia da solidão.
O medo é sempre ao acordar nas manhãs de sol ou, nas manhãs de ensolarada bruma de friorenta chuva ao molhar os ossos feridos pela lança da mágoa.
Teu olhar de cálida luz revelou a ele os insignificantes vãos cheios de probabilidades pequenas e importantes.
Vãos que aos poucos se tornaram maiores que as probabilidades em preenchê-los no conjunto dos gestos rotineiros.
Teu olhar de cálida luz, aquece-o mas não aquece o faminto que mais uma vez se encolhe junto à parede fugindo do frio com um mero cobertor.
Ao passar por ele, olhou-o penalizado, não por ver o coitado ao relento, mas pelo fato em sim, perguntando-se como pode uma pessoa chegar a uma situação assim?
E se apropriando um pouco do teu olhar de cálida luz, mentalmente transmitiu para a alma daquele corpo enrolado junto à parede fugindo do frio, um pouco de luz que o aquecia.
Ele seguiu seus passos de todos os dias pensando, será que o segurança mais uma vez vai enxotar o coitado daí novamente?
Só saberá ao sair para o almoço.
Bem-aventurados os felizes em suas casas cheios de cobertores, porque deles é o reino do inferno.
Bem-aventurados os infelizes sem suas casas vazias de cobertores, porque deles é o reino dos céus.
Amém.