A Insatisfação crônica existe, mas, é preciso livrar-se dela!
A vida nos oferece mil chances de sermos o que desejamos ser, isso é fato!
Mas, lá no fundo da alma, sempre fica um “ Por que não eu? “ , não é verdade?
Muitos acham que este é o sentimento de inveja, e não é, é um sentimento de insatisfação consigo mesmo, um sentimento de comparação.
Nós mulheres, temos muita facilidade em nos queixarmos dos homens, venhamos e convenhamos, mas, ser homem também deve ser barra. Essa semana eu estava com meu marido e viemos de uma viagem razoavelmente longa, e ele iria trabalhar, saímos as 4 da manhã da cidade do interior, pois ele pegaria as 8 no trabalho, mas, desviou cerca de 80 kms para me deixar em casa, em segurança, pois nessa época as rodoviárias estão lotadas, quando fomos atravessar a rua, ele com aquele cuidado que pra gente é normal no homem, mas, é um cuidado imposto pela sociedade há séculos, tipo, o homem é o que protege, é o que mantêm, é o que precisa fechar as portas da casa antes de dormir, se fica adulto, tem que trabalhar, se não trabalha é encostado, preguiçoso, e tem que estudar, se a mulher só estuda aos 25 anos, ela é um exemplo de filha, se o homem só estuda nessa idade, ele é vagabundo. Se aos 40 ainda não conquistou um carro é incompetente.
Geramos em nós sentimentos comparativos desde a mais tenra idade. Ah, o filho de fulano é tão bonzinho, o meu é um dilema. ( Para não usar nenhuma palavra negativa), Cobramos de nossos filhos “ por que você não tirou Dez? Tinha que tirar Dez! Seis não é nota que preste. Esses são só alguns Tipo de frases que ouvimos na infância, ou seja, somos robotizados para sermos sempre o melhor em tudo, e nem sempre , o nosso comparativo se sente melhor.
As vezes você admira a grama do seu vizinho, e seu vizinho tem problemas iguais ou até maiores que o seu.
Muitas vezes ,olhamos alguém próximo, “ Pô, Casalzão! “ mas, pode ser que mal se falem em casa, ou que apenas tenham acordos de seguirem a vida juntos ou simplesmente, sejam sim um casalzão da P... , mas, são problemáticos, tem fobias, compulsão, taras que você não aguentaria, ou problemas familiares que eu e você chutaríamos o Balde.
Quando amadurecemos, temos a estranha sensação, que em algum lugar do planeta, tem alguém muito mais feliz que você em alguma coisa, seja no trabalho, seja em um corpo maravilhoso, filhos lindos e perfeitos, mas, muitas vezes, um marido sem barriga, e muitas das vezes, esse marido lindo aos 50 sem barriga é um pé no saco e você não sabe. E está aí remoendo que o seu tomou 20 chopps no último final de semana, ou como eu, que fico triste do meu não beber, por que para quem bebe, quem não bebe é chato. Pode ser animadinho, pode ser engraçado, pode aguentar a noite, mas é chato, ninguém vai entrar na sua vibe tomando coca-cola, aí você olha a sua volta, e percebe que você tem uma vantagem, o motorista da rodada é seu, mas, ainda assim... dá uma sensação de que tem gente rindo mais que você.
Chega um momento em que precisamos ficar de olho em nossas vidas.
Não sonhar que alguém tem a vida perfeita e a sua é só uma historinha básica e sem emoção.
Ninguém é feliz 24h, isso é fruto de nossa imaginação, ninguém leva uma topada e sai rindo e feliz da vida, e todos somos suscetíveis a isso. Há muitas pessoas que se destacam em sociedade, casais bonitos, mulheres empoderadas ( Não confunda com empoeiradas), solteiros felizes, solitários que batem no peito que são a melhor companhia para si mesmos, com fotos com champanhe nas cidades e boates mais badaladas, com cronômetro marcando não sei quantos km em tanto tempo, enquanto você quer só um sofázinho e netflix, mas, entenda, ninguém quer ficar colocando suas derrotas a mostra, ninguém chega no trabalho e recebe um bom dia e responde “ Bom dia nada, brochei” ou responde, “ Só se for pra você, fui tomar café e meu açúcar tinha acabado e saindo do prédio o Pombo cagou na minha cabeça. Todo mundo vende a imagem de ser forte, e isso gera a sensação de que a grama do vizinho é sempre a mais verdinha. Ao nos depararmos com a maturidade, vemos que ninguém tem uma grama sintética a toa, ninguém está o tempo inteiro sobre a calçada da fama, ou os holofotes hollywoodianos, no calar das luzes, as preocupações chegam, o ronco alheio incomoda, aquela camisola velha e nada sexy é só o que você quer vestir, pode rolar até um xixi na cama, que ninguém vai expor isso, muitas vezes nem dentro da sua casa, ou seja, quando as luzes se apagam e as portas se fecham, e só ficamos nós, com nós mesmos, vemos o quanto somos frágeis, o quanto nos cobramos a vida inteira por reflexo, o quanto não somos os perfeitos, mas, tentamos chegar o mais perto disso possível.
Só que chega uma hora, que esse nó da gravata vai apertando, e vai abafando, e vai sufocando porque você se cobra demais.
Eu estou começando a desenvolver umas fobias, nesta casa onde moro, percebi isso, ao ficar longe dela um tempo, a sensação de medo para mim que sempre fui uma Leoa Brava, é esquisita, me deixa fraca, me deixa vulnerável, reflexo disso? Irritabilidade , mal humor , falta de paciência com os bichos, com as pessoas, mas, quem olha de fora, só vê a “ Floresta feliz” em que eu vivo, e não sabe o que é conviver com os sons noturnos que passam por aqui, ou seja, em breve é hora de partir daqui, pois não sei me isolar em nada que não me deixe confiante. Mas, eu queria ter essa sensação de melhor lugar do mundo todos os dias. Lógico que as vezes sinto isso, mas, o às vezes muitas vezes não nos completa.
Nesta era de exaltação de celebridades – reais e inventadas – de pessoas sem graça que se auto-rotulam influenciadoras digitais, fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça.
Mas, se você buscar a sua paz em tudo o que lhe faz bem de verdade, vai ver que a sua vida é muito melhor que imagina. Amigos de verdade, pais que mesmo já não estejam nesse plano, foram pais amorosos, professores que se dedicam a você ou a seus filhos, as playlists que acompanham seu estado de humor, até as quebradas de cara, os beijos mal dados, os bem dados, as boas pegadas, as risadas, o sol a pino em frente ao mar, e as ondas...ah as ondas, tem coisa melhor que se soltar em uma onda? Guarde tudo isso para o seu livro da vida.
Será que quem você observa com frustração de não ser igual, não sofre? Será que as modelos que vomitam após comer um biscoito com manteiga são 100% tão felizes quanto suas contas bancárias? Será que namorar um famoso é tão bonito quanto na revista ou você ter que estar impecável e se policiando 24h é um saco também? Será que ter uma Ferrari, fará você achar um estacionamento mais rápido? Ou não fará o flanelinha arranhar seu carro de sacanagem? Ou você vai ficar “P” da vida, igual a quem tem um "chevelho", se isso acontecer?
Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé com aquela camisola velha?
Não confunda uma vida pública com uma vida que publica. O acento nesse caso difere o sensacional do sensacionalista, siga em paz com o que tem e faz desse o que tem o melhor pra você, se apegue as pequenas coisas que só você pode fazer por si mesmo, que é estar confortável dentro de nossa casca terrena, assim, a vida vai passando leve, sem traumas e o que te incomoda, livre-se sem dó e nem piedade. A vida é muito curta para perder tempo na fila do pão. Bom dia!
Texto de Izabelle Valladares