Jantar em família - BVIW / texto extra /o último do ano
Já passavam das 20h e Caroline estava atrasada, na sala de jantar a família reunida gargalhando , conversando e relembrando as cenas que marcaram a geração. Dona Têco perdeu a paciência, levantou-se da mesa sem pedir licença , mas ninguém percebeu. Foi na cozinha e fez uma boquinha antes de ser notada. Olhou para o velho relógio de parede, não conseguia ver nitidamente as horas, pois a hipermetropia dificultava a clareza, pena que não atingia a língua. A campainha tocou , ela apressou os passos e ao abrir a porta Carol entrou. Mal pisou na casa e o alvoroço começou. Ninguém se lembrava do atraso, só da barriga que roncava feito cuíca numa roda de samba. As iguarias refinadas eram de dar água na boca e dor no estômago, o pecado da gula entraria naquela noite na lista dos bons samaritanos e seria uma indelicadeza dispensar o talento da irmã caçula, da família Silva. Depois de algum tempo, Carol desce toda enfeitada, vestido de festa e uma boca rosada, chega na cozinha e todos lá estavam. Uns já tinham terminado, outros repetindo o prato e não achou nada engraçado. Presa no engarrafamento, o celular tocando a cada momento, se arriscou para atender algumas ligações e ninguém a esperou para jantar. - Que família traíra! Retrucou.