A PIAZADA DOS "BÃOSANOS!"
(Texto reeditado)
Não sei se o que vou relatar é um costume típico da nossa região,ou ocorre nas demais regiões do País.
Na madrugada de primeiro de janeiro,a garotada se reunia(ou, reune-se ainda) em pequenos grupos e,aos brados, ia de casa em casa acordando as pessoas com os desejos de "FELIZ ANO NOVO".
A maioria os acolhia com agradecimentos e lhes ofereciam uns agradinhos,que variavam de moedas a alguns quitutes.Para tal,já se levava uma sacolinha no bolso das calças.
Como bom bicho do mato que sou,já vivi meus tempos de acordar a vizinhança com os votos de que o ano que estava começando fosse de intensas alegrias.
Não haviam grandes comemorações na passagem de ano (ninguém possuia uma TV e assim,nunca soube-se de shows pirotécnicos à beira mar e outras amenidades do gênero).
À meia noite,tudo o que nos era destinado não passava de apitos de fábricas e soar de sinos na capela do bairro.
Confesso ! Seria algo melancólico, não fosse a euforia dos amigos reunidos para embrenhar-se no breu das madrugadas,aporrinhando à quem dormia o sono dos "quase"justos.
Atualmente esse costume está praticamente em extinção e os poucos moleques que ainda persistem,aparecem no clarear das dez ou onze horas, ainda que, recebidos com muito carinho.
Havia em cada casa, uma latinha onde se depositavam moedas já a partir de outubro.Costumava-se dizer:
Esta é para "A piazada dos Bãos anos" (Era assim mesmo que pronunciava-se: Bãosanos)
Em minha casa ainda preserva-se a dita lata, muito embora ela continue bem gordinha ao final do dia primeiro, tendo em vista que nestes "tempos modernos" a oferta é bem maior que a procura.
O que eu desconhecia,e agora fiquei sabendo,é de uma tradição que ainda existe no interior do município e em algumas cidades vizinhas onde reside um grande número de pessoas de descendência eslava.
No estabelecimento onde trabalho,e a clientela em 90% é constituída desta gente maravilhosa.
No primeiro dia útil de janeiro ,a maioria que adentrava, depois de desejar-me um Feliz ano novo,perguntava-me:
-E aí !...Muito trigo em teu portão? Ou "Muito trigo no portón ?"
Quiz saber a razão do questionamento, e a resposta deixou-me até emocionado.
No interior, nas colonias de lavradores e pequenos povoados, onde ainda prevalece a tradição dos meninos,
além dos brados almejando um Feliz ano Novo, espargem-se nos portões punhadinhos de trigo em grão,ou algum outro cereal, simbolizando o desejo de que as colheitas sejam fecundas,as mesas sejam fartas e que haja prosperidade e muita paz naquela família.
Achei lindo ! Tomara estas práticas jamais se acabem.
Coisas do Sul !
Quem sabe...De outras regiões deste Brasil também.
(Texto reeditado)
Não sei se o que vou relatar é um costume típico da nossa região,ou ocorre nas demais regiões do País.
Na madrugada de primeiro de janeiro,a garotada se reunia(ou, reune-se ainda) em pequenos grupos e,aos brados, ia de casa em casa acordando as pessoas com os desejos de "FELIZ ANO NOVO".
A maioria os acolhia com agradecimentos e lhes ofereciam uns agradinhos,que variavam de moedas a alguns quitutes.Para tal,já se levava uma sacolinha no bolso das calças.
Como bom bicho do mato que sou,já vivi meus tempos de acordar a vizinhança com os votos de que o ano que estava começando fosse de intensas alegrias.
Não haviam grandes comemorações na passagem de ano (ninguém possuia uma TV e assim,nunca soube-se de shows pirotécnicos à beira mar e outras amenidades do gênero).
À meia noite,tudo o que nos era destinado não passava de apitos de fábricas e soar de sinos na capela do bairro.
Confesso ! Seria algo melancólico, não fosse a euforia dos amigos reunidos para embrenhar-se no breu das madrugadas,aporrinhando à quem dormia o sono dos "quase"justos.
Atualmente esse costume está praticamente em extinção e os poucos moleques que ainda persistem,aparecem no clarear das dez ou onze horas, ainda que, recebidos com muito carinho.
Havia em cada casa, uma latinha onde se depositavam moedas já a partir de outubro.Costumava-se dizer:
Esta é para "A piazada dos Bãos anos" (Era assim mesmo que pronunciava-se: Bãosanos)
Em minha casa ainda preserva-se a dita lata, muito embora ela continue bem gordinha ao final do dia primeiro, tendo em vista que nestes "tempos modernos" a oferta é bem maior que a procura.
O que eu desconhecia,e agora fiquei sabendo,é de uma tradição que ainda existe no interior do município e em algumas cidades vizinhas onde reside um grande número de pessoas de descendência eslava.
No estabelecimento onde trabalho,e a clientela em 90% é constituída desta gente maravilhosa.
No primeiro dia útil de janeiro ,a maioria que adentrava, depois de desejar-me um Feliz ano novo,perguntava-me:
-E aí !...Muito trigo em teu portão? Ou "Muito trigo no portón ?"
Quiz saber a razão do questionamento, e a resposta deixou-me até emocionado.
No interior, nas colonias de lavradores e pequenos povoados, onde ainda prevalece a tradição dos meninos,
além dos brados almejando um Feliz ano Novo, espargem-se nos portões punhadinhos de trigo em grão,ou algum outro cereal, simbolizando o desejo de que as colheitas sejam fecundas,as mesas sejam fartas e que haja prosperidade e muita paz naquela família.
Achei lindo ! Tomara estas práticas jamais se acabem.
Coisas do Sul !
Quem sabe...De outras regiões deste Brasil também.