TUDO É VÁLIDO
Pela experiência própria, o que surgia aproveitava. Assim, fiz diversos cursos avulsos nos fins de semana. Como Direito Comercial e Marketing na FAL. Nesse curso, colega contou a estratégia dele em conseguir entrevista. Era vendedor de anúncios e sempre que procurava um médico, a atendente não o deixava recebê-lo. Certo dia, marcou uma consulta. Conseguiu a propaganda e ainda foi cumprimentado pela iniciativa. Na Salesiano, fiz Língua e Literatura Portuguesa. Mas um que mais proporcionou bom retorno e boa base foi o de perícia contábil.
Fazendo já análises em diversas empresas, certa ocasião, publiquei artigo numa revista especializada que teve boa repercussão.
Assim, certa empresa de grande porte pleiteou empréstimo de vulto junto a um banco. Este contratou-me para fazer levantamento da situação nos últimos três anos, principalmente se os balanços eram fidedignos.
Para isso, desloquei-me para a capital, onde ficava a sede da empresa, durante um mês. Hospedei-me num hotel lá na Liberdade. Jantava quase sempre num pequeno restaurante ao lado. Meu prato preferido era o teishoku –comercial japonês. No vizinho havia pequena livraria: jornais e revistas japoneses. Artigos para escritório. A dona era a dona Noêmia, bem idosa, cabelos todos brancos. Após o jantar dava uma chegadinha e batia um papo gostoso com ela. Era bem culta. Às 22 horas fechava o comércio e se recolhia ao apartamento ao lado. Morava sozinha. Muitas vezes tomava conta da livraria. Vendia, recebia, dava troco. Trancava e levava a chave para ela.
Uma noite encontrei o estabelecimento fechado. Soube mais tarde que falecera num fim de semana. Nunca tinha vivido num ambiente tão aconchegante como essa livraria. Deixou saudades...