O erótico Bilac
1. O pessoal da minha geração, já tão distante, curtia paca os versos dos bons poetas. Usei a expressão "curtia paca", expressão moderna, porém, perfeitamente ajustada ao que quero dizer, ou seja, que o pessoal da minha geração adorava poesia.
2. Não é porque uma expressão seja moderna que um coroa deva evitá-la, como se estivesse a fugir do ridículo. É, aliás, o que defendem alguns amigos de madeixas brancas, inseparáveis companheiros nesta minha caminhada de muito mais de meio século.
3. Os rapazes de minha geração sabiam, de cor, as rimas de belos vates. E as recitavam, sem constrangimento, nas salas de aula, nos eventos cívicos e no ouvido da mulher amada, que também curtiam os vates. 4. E aqui vai uma confidência: quantas mulheres, lindas, ou mais ou menos, passaram pelos meus braços ouvindo poemas de Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Manuel Bandeira, Drummond, Castro Alves e Olavo Bilac...
5. Muito bem. Na minha última crônica - "Há cem anos..." -, publicada neste meu site, antecipando-me, homenageei o poeta Olavo Bilac, no seu centenário, que se comemora hoje, 28 de dezembro.
6. Minha crônica, pelo que andei vendo, foi pouco lida. Ou porque o cronista é péssimo ou porque o pessoal d'agora optou por não me acompanhar na homenagem ao poeta das estrelas do céu.
7. Sem qualquer ranço, diria que se Bilac fosse o poeta das "estrelas da Terra" certamente eu teria abafado com o meu comentário, conquistando um número maior de leitores. Isso não me surpreende. Bilac contiuará Bilac, Ad Eternum. E eu, só Deus sabe.
8. Seja lá como for, o fato é que, na minha modesta prosa, bati palmas para o poeta de "Via Láctea", nascido no Rio de Janeiro, onde morreu no dia 28 de dezembro de 1918.
9. Hoje, aplaudo esse imortal poeta publicando um de seus mais belos sonetos, "Delírio", e não me levem a mal...
"Nua, mas para o amor não cabe o pejo/ Na minha a sua boca eu comprimia./ E, em frêmitos carnais, ela dizia:/ - Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo! == Na inconsciência bruta de meu desejo/ Fremente, a minha boca obedecia,/ E os seus seios, tão rígidos mordia,/ Fazendo-a arrepiar em doce arpejo. == Em suspiros de gozos infinitos/ Disse-me ela, ainda quase em grito:/ - Mais abaixo, meu bem! - num frenesi. == No seu ventre pousei a minha boca,/ - Mais abaixo, meu bem! - disse ela, louca,/ Moralistas, perdoai! O-be-de-ci..."
10. "... a poesia de Bilac era um hino à sensualidade e à beleza", disse o jornalista Ruy Castro em uma crônica recentemente publicada na "Folha de São Paulo".
O soneto "Delírio" confirma...
1. O pessoal da minha geração, já tão distante, curtia paca os versos dos bons poetas. Usei a expressão "curtia paca", expressão moderna, porém, perfeitamente ajustada ao que quero dizer, ou seja, que o pessoal da minha geração adorava poesia.
2. Não é porque uma expressão seja moderna que um coroa deva evitá-la, como se estivesse a fugir do ridículo. É, aliás, o que defendem alguns amigos de madeixas brancas, inseparáveis companheiros nesta minha caminhada de muito mais de meio século.
3. Os rapazes de minha geração sabiam, de cor, as rimas de belos vates. E as recitavam, sem constrangimento, nas salas de aula, nos eventos cívicos e no ouvido da mulher amada, que também curtiam os vates. 4. E aqui vai uma confidência: quantas mulheres, lindas, ou mais ou menos, passaram pelos meus braços ouvindo poemas de Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Manuel Bandeira, Drummond, Castro Alves e Olavo Bilac...
5. Muito bem. Na minha última crônica - "Há cem anos..." -, publicada neste meu site, antecipando-me, homenageei o poeta Olavo Bilac, no seu centenário, que se comemora hoje, 28 de dezembro.
6. Minha crônica, pelo que andei vendo, foi pouco lida. Ou porque o cronista é péssimo ou porque o pessoal d'agora optou por não me acompanhar na homenagem ao poeta das estrelas do céu.
7. Sem qualquer ranço, diria que se Bilac fosse o poeta das "estrelas da Terra" certamente eu teria abafado com o meu comentário, conquistando um número maior de leitores. Isso não me surpreende. Bilac contiuará Bilac, Ad Eternum. E eu, só Deus sabe.
8. Seja lá como for, o fato é que, na minha modesta prosa, bati palmas para o poeta de "Via Láctea", nascido no Rio de Janeiro, onde morreu no dia 28 de dezembro de 1918.
9. Hoje, aplaudo esse imortal poeta publicando um de seus mais belos sonetos, "Delírio", e não me levem a mal...
"Nua, mas para o amor não cabe o pejo/ Na minha a sua boca eu comprimia./ E, em frêmitos carnais, ela dizia:/ - Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo! == Na inconsciência bruta de meu desejo/ Fremente, a minha boca obedecia,/ E os seus seios, tão rígidos mordia,/ Fazendo-a arrepiar em doce arpejo. == Em suspiros de gozos infinitos/ Disse-me ela, ainda quase em grito:/ - Mais abaixo, meu bem! - num frenesi. == No seu ventre pousei a minha boca,/ - Mais abaixo, meu bem! - disse ela, louca,/ Moralistas, perdoai! O-be-de-ci..."
10. "... a poesia de Bilac era um hino à sensualidade e à beleza", disse o jornalista Ruy Castro em uma crônica recentemente publicada na "Folha de São Paulo".
O soneto "Delírio" confirma...