Augusto dos Anjos e a sua arte
Crônica
O primeiro soneto que decorei de Augusto dos Anjos foi Árvore da Serra, um soneto muito truncado numa linguagem técnica tendo como pano de fundo uma história de amor proibido, os amores do poeta com uma morena que foi rejeitada pela família do grande bardo. Naquele soneto a árvore da Serra é gente, gente é arvore os junquilhos são as pessoas pobres de sangue não puro. Os cedros são as famílias ricas, gente de sangue branco e de posição social alta. O soneto, Arvore da Serra é um dos melhores sonetos do poeta da morte o vate paraibano e artista do Pau-D`arco. Augusto nasceu no dia 20 de abril de 1884 e morreu com 29 anos deixando apenas Eu e Outra Poesias, um livro muito comentado até hoje pelos meios acadêmicos. Para Manoel Bandeira o poeta Augusto dos Anjos foi limitado e não tinha verdadeira inspiração, ou não foi um gênio como Manuel Bandeira queria. Aos dez anos eu já andava com o poeta Augusto dos Anjos debaixo do braço lendo e decorando os sonetos magistrais do grande artista da velha Filipeia. Psicologia de um Vencido o segundo soneto que decorei me emocionava demais pelo tema triste, pela forma parnasiana pela metrificação exuberante e pela dor humana. Eu filho do carbono e do amoníaco, um decassílabo triste no entanto verdadeiro e poético. Neste soneto genial entra a química, entra dor humana e entra a formação literária ímpar do autor do Eu e Outras Poesias, um livro sublime. Debaixo do tamarindo o poeta escreve a sua infância atormentada sendo obrigado pelo seu genitor a aprender realmente o que o senhor Alexandre dos Anjos o pai do nosso famoso poeta queria incutir naquela mente de criança. Augusto nasceu na fazenda Pau-D`arco propriedade de Antonio Feliciano de Carvalho o seu progenitor materno. Ali naquela enorme fazenda o poeta passou a sua infância indo depois para Recife estudar direito e lá ele teve contato com gente como Raul Machado, José Américo de Almeida, o doutor Ôrres Soares e tantos outros poetas do mesmo porte.