*BANCANDO SCHOPENHAUER*
Há nas relações humanas um gosto mórbido pela mentira. Quando crianças, nos impõem acreditar em Papai Noel, no Coelhinho da Páscoa, em Bicho Papão e outras figuras folclóricas. Eu varava a madrugada tentando esperar Papai Noel aparecer, tinha medo de subir ao sótão da casa dos meus pais por medo de monstros e o Coelhinho da Páscoa eu achava antipático. Crescemos e descobrimos que nada existe, são personagens de um universo irreal que nos incutiram na mente. Temos que reconstruir nossa realidade depois do ato sádico cometido por pais e mães com boas intenções. Já adolescentes, assistimos aos hollywoodianos filmes de amor, com o feliz The End fechando a tela do cinema. Adultos passamos a buscar aquele amor cinematográfico e esbarramos com a deslealdade, com a traição, com a violência das palavras e dos atos. Novamente, precisamos nos adaptar a uma outra realidade implacável. Fomos enganados por scripts, por atores e pela arte que faz existir uma percepção paralela, que quer apenas nos consolar da dureza concreta que é a vida. Envelhecemos acreditando numa felicidade abstrata, sempre inalcançável, fomentada por uma estrutura que atende somente aos interesses alheios, nunca aos nossos. Finalmente, morremos sem ter tempo para perceber que não somos eternos. A morte deve ser a soma de todas as desilusões do mundo.
Há nas relações humanas um gosto mórbido pela mentira. Quando crianças, nos impõem acreditar em Papai Noel, no Coelhinho da Páscoa, em Bicho Papão e outras figuras folclóricas. Eu varava a madrugada tentando esperar Papai Noel aparecer, tinha medo de subir ao sótão da casa dos meus pais por medo de monstros e o Coelhinho da Páscoa eu achava antipático. Crescemos e descobrimos que nada existe, são personagens de um universo irreal que nos incutiram na mente. Temos que reconstruir nossa realidade depois do ato sádico cometido por pais e mães com boas intenções. Já adolescentes, assistimos aos hollywoodianos filmes de amor, com o feliz The End fechando a tela do cinema. Adultos passamos a buscar aquele amor cinematográfico e esbarramos com a deslealdade, com a traição, com a violência das palavras e dos atos. Novamente, precisamos nos adaptar a uma outra realidade implacável. Fomos enganados por scripts, por atores e pela arte que faz existir uma percepção paralela, que quer apenas nos consolar da dureza concreta que é a vida. Envelhecemos acreditando numa felicidade abstrata, sempre inalcançável, fomentada por uma estrutura que atende somente aos interesses alheios, nunca aos nossos. Finalmente, morremos sem ter tempo para perceber que não somos eternos. A morte deve ser a soma de todas as desilusões do mundo.