Machado de Assis e Lima Barreto
Poeta Antonio Agostinho
Compreender Machado de Assis é preciso muita leitura e bom entendimento cultural porque a escrita do autor de Ressurreição é muito velada e há muitas figuras de linguagem que talvez nem ele mesmo entendesse. Machado de Assis parece mais um francês escrevendo no Brasil do que um brasileiro pobre, como realmente foi ele. O autor de Helena não dava notícia da sua vida a ninguém. Era mulato, era gago e epilético no entanto pouca gente sabia disso porque o nosso grande gênio tentava esconder tudo e disfarçar como uma figura ímpar. Lima Barreto fazia questão de mostrar sua vida de pobre ao povo e sobretudo a sua origem obscura. Lima Barreto veio do povo, como Machado também veio no entanto tiveram vidas diferentes: Machado muito orgulhos e Lima sempre humilde, sempre aceitando a sua condição de paupérrimo, enquanto Machado procurava se aburguesar ao lado das grande s figuras da sua época. Seus amigos eram figuras do império, gente como Joaquim Nabuco, o conselheiro Zacarias, Pedro Luis e muitos outros figurões. O autor de Gonzaga de Sá, não tinha empáfia e se nivelava a qualquer um, conversava com gente do povo porque ele mesmo era povo. Li os grandes escritores do meu Brasil, contudo Lima Barreto merece o meu maior apreço como grande literato e íntegro cidadão. Se eu tivesses que sair da minha terra o lugar preferido por mim seria o Rio de Janeiro mormente a Ilha do Governador onde viveu o nosso visionário Lima Barreto que tanto sofreu neste Brasil ingrato. Já li todas as obras do nosso mulato e quanto mais leio mais me apaixono por este genial artista do povo, pobre e sofrido. Se Machado foi um gênio deve ter sido para os ricos e não para a gente pobre e semi- analfabeta. Lima Barreto chegou a estudar engenharia, não terminando o curso completo entretanto nunca fez escrito hermético como o nosso Machado que tinha apenas o primário. O mulato Lima Barreto tinha os pés no chão e conhecia a sua fragilidade humana. Não podemos negar que Machado de Assis e Lima Barreto foram as duas figuras maiores do romance brasileiro, embora Lima se destaque como o mais puro do Brasil pela linguagem e pelo tema nacional.