ÉPOCA DE SONHO E LUZ. NATAL.

Enterre-se a vaidade, sepulte-se a pretensão, conscientizem-se as limitações severas fechadas ao entendimento, interprete-se à margem da disfunção, estabeleçam-se as fronteiras declinadas pela natureza para que sejam aceitas, é inevitável, coloquem-se marcos nas sinapses, aceitem-se as marcas da viagem encetada pelo nascimento, e viva-se.

Quem é ou foi sábio? No meu credo só um personagem terreno, que nasce de novo. Existem muitos pretensos sábios que insistem em desensinar. Sócrates considerado sábio não o era. Ele mesmo o disse. O “sei que nada sei” socrático que até hoje ecoa no mundo, reverbera no cosmos e autentica inexistência de sábios. “Nada sei”. Por quê? Por nada existir no cosmos infinito senão matéria energética e possibilidades, estas em matemática que tudo explicaria e incorporam o grande enigma. Possibilidades.

Saber é ter certeza, estar diante da evidência no cenáculo da lógica. E evidência se tem de poucos fenômenos entre causa e efeito, ainda assim, fica no mediano da não explicação “à inteireza”. Criacionismo e evolucionismo continuam selados sem explicação plena.

Frutos de gametas, nascidos e sem saber a origem dessa união, que gera vida, mais inteligente para alguns, menos aquinhoados outros, ultrapassado ao menos o instinto, sabemos e fica evidente com o princípio “sei que existo”, cartesiano, por que duvido (?), sei que duvido, e que vamos morrer em corpo um dia, se estabelece como única certeza. Estão nesse plano as evidências, e só. “A única certeza é que duvido, e se duvido eu penso, e se penso logo existo.” René Descartes

A sabedoria, mesmo relativa, chamemos de conhecimento parcial, informação que alguns comuns podem alcançar sobre fenômenos máximos, vida e morte os principais, não nos é dada seguramente.

Alguém ou algo assim determinou, sem razoável identificação, e nem a ciência ou a fé desvendaram. E assim permanecerá, não tenho dúvidas e ninguém tem. Esta enigmática possibilidade é segredo inatingível. Possibilidade é dúvida. Em matemática “possibilidades” para chegar a resultados são as maiores dificuldades de cálculos, a informática segue esses caminhos, nosso computador é assim em algoritmos, minha filha caçula é especialista nesses caminhos, gerente de projetos de tecnologia de telefonia para computação de gigante do setor.

Desígnios de outras esferas, também desconhecidas, voluntárias ou não, são labirintos impenetráveis essas origens. Para os deístas um Deus genérico assim quis, para os teístas, um Deus determinado.

É preciso tentar descobrir esses espaços desconhecidos por nós mesmos, insondáveis, em princípio uma motivação infantil de nossa aventura buscadora, mas enriquecedora, colore a vida, é um algo, alguma coisa para nos equilibrarmos nesse fio que balança do nada ao nunca, isso após uma viagem que ninguém nos pode poupar ou fazer por nós. Somos passageiros exclusivos dessa viagem por vezes tornada em saga, a aventura da curiosidade que não se sacia, quanto mais caminha mais vê a longa estrada que não tem fim. Essa estrada conferida a nós é filha da inteligência. Somos o exclusivo norte de nós mesmos, um homem não empresta suas asas a outros, mostra o caminho. Vivemos aprendendo, somos eternos alunos, só quem não pode aprender resta estacionado na paralisação cerebral. E sempre saberemos muito pouco do tudo que só o tempo é testemunha, inclusive e mais, os mais dotados, ansiosos desse passo. Os inscientes se plasmam nessa condição de ignorar e ficam satisfeitos. Quem sabe é melhor? Viver futilidades.

O fechamento da porta, o freio imposto à inteligência é a eternidade desconhecida e testemunhada pelo tempo armado de metamorfose. Nada se aprende com quem pode ensinar, livros e mestres, se não estamos abertos ao ensino ou se não nos ajuda o "logos" possuído. Abrem-se cadeados de portas fechadas e outras surgem cada vez mais numerosas, incontáveis, um desafio que não se vencerá. Ou se morre para a vida comum como Buda, o Sidarta, ou o que fez e conseguiu é a vida, o despojamento absoluto.

Viver nossa vida, olhar para nós mesmos, usufruir tudo que temos ofertado pela natureza, pelos dons, pela bondade interior, pelos entes queridos, deve ser a meta permanente, nunca as dissipações sociais que nos chegam pela informação ruinosa das desigualdades e injustiças, altamente tóxicas e sem muita clareza existindo injustificadamente. Incomodam e mostram as especiarias do não saber. Das escolhas das calamidades repetidas.

Já nos basta a inexorabilidade do “Vale de Lágrimas”. A sabedoria não existe, mas a informação nos faz compreender pouco o “Vale de Lágrimas,” onde com tranquilidade se matam crianças, inumeráveis, de fome e de outras formas violentas. Mata-se a inocência com tranquilidade. Tudo se pode esperar diante de fatos dessa natureza. Mata-se a justiça. Aniquila-se o amor. Essas condições de vida infestam os cárceres, principalmente para os que seriam mediadores de parcelas da humanidade em seus seguimentos. Responsabilidades maiores!

O agora cobre o passado ou não, com o manto da extinção temporal. Se serviu para ensinar, fiquem os registros de memória, se foram infrutíferos permaneçam no porão a eles destinado.

Faltam instrumentos para sabedoria, falta inteligência ampla, por isso somos lançados no império da dúvida interrogativa que caminha febril pelo mundo. Vivamos nossos sonhos. A ideia do futuro abate a negatividade, libera a opção do eleito messiânico se a escolha é aprender o bem, o bom. O sonho do amor, o mais justo aliado ao mais belo vence. Sonhar a vida é vivê-la, o futuro é o real e espera, até onde se possa viver.

Passear pelo mundo e ver suas belezas e seus dramas faz a vida mais sedutora e mais compreendida,colorida de todas as cores, e traz alegrias nessa vida que se vive. E saber um pouco do que se alcança para fugir do obscurantismo.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 19/12/2018
Reeditado em 21/12/2018
Código do texto: T6530702
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