Pecado e Crime
Pecado e Crime!
Dois conceitos culturais normatizadores, cujas funções, desde sempre, foram garantir o processo civilizatório, por isso mesmo, ao estabelecer o que é pecado e o que é crime, vem explicitado as sanções correspondentes: no pecado, a perda do amor da divindade, no crime, a perda da liberdade, em alguns casos, da vida, modernamente a reparação.
O primeiro característico do subsistema religioso. Só peca quem tem uma consciência moral religiosa e no limite do seu sistema religioso.
Já o crime é da ordem do subsistema jurídico. Comete crime quem transgride a lei.
A norma jurídica é abrangente, está acima da religião, inclusive resguarda o direito de professá-la, mas veda o cometimento de crime em seu nome: ninguém, num estado de direito, pode cometer crime em nome da religiosidade. Ao mesmo tempo, a lei nada tem a ver com os pecados religiosos, desde que eles não ultrapassem o limite do sistema jurídico!
Um mecanismo comum aos dois subsistemas culturais no trato do pecado e do crime é o arrependimento.
Na religião (no cristianismo especificamente), arrepender-se do pecado é o caminho para a sua remissão, e recomeço de um novo plano de vida com a divindade.
Na justiça, arrepender-se do crime, favorece o trabalho da defesa, sensibiliza a acusação e pode sinalizar um abrandamento da punição!
Os pecados e os crimes que mais assombram a humanidade são os sexuais e os bárbaros e, geralmente, eles costumam ser cometidos ao mesmo tempo.
Aqui o cronista precisa separar pecado e crime.
Todo relato de crime sexual está presente a dimensão da violência, do mesmo modo, o crime violento, tem conotação sexual.
Os relatos dos pecados que mais assombram o religioso tem a onipresença da sexualidade, com toda a virulência do impulso sexual.
Todo crime sexual e violento deve ser punido.
Todo pecado sexual, violento ou não, deve ser perdoado.
Esta lenga lenga é por causa do escândalo do ano, mas pode ser também por causa da menina de 16 anos, do jogador de 24.
Aí vou, novamente, parafrasear Jesus Cristo: vá, peques, mas não cometas crime!