Toda forma de amar
Tem mais do que te mostro, muito mais do que teus olhos podem ver.
Muito mais que que qualquer alma seja capaz de conduzir.
Sinta o sol esquentado a pele, o vento quebrando o excesso.
A brisa batendo nas folhas das árvores que caem ao chão em meados de um outono que parece não ter fim.
Ouça as palavras a esmo que vem de bocas desconhecidas que passam de forma despercebida, mascaradas por fones de ouvido em automático que norteiam teus dias em metrôs lotados e sempre tão vazios.
Vazios de almas, vazios de amor. Cheios de pessoas que não sabem mais quem são, quem gostariam de ser. Apenas conduzem os passos como os condutores executam seu trabalho dia a dia: automaticamente, em túneis escuros, escondidos do mundo lá fora.
Então pare, escute, pense.
Tire esse peso das costas sem depositá-lo nas costas de um outro alguém. Seja leve, seja puro. Deixe essa leveza te levar, para dentro daquele abraço que, por orgulho, você deixou de dar, e deixe aquela lágrima reclusa no canto do olho rolar, seu sentimento extravasar.
Você sente, eu sinto também.
Sinto bem, sinto mal, sinto muito.
Sinto como se o mundo tivesse desabado. Mas não desabou. Os dias continuam e o sol sempre está a brilhar. É injusto permitir que nuvens nos façam descrer que ele está lá. Apenas está.
Limpe esse sangue das mãos, da alma. Limpe as palavras sujas que permitiu que rasgassem o peito de alguém. Limpe seus rastros, ou transforme-os em um caminho incrível.
A escolha está na mão de quem acredita, não dos que desacreditam.
Se permita ser, se permita estar. Lembre-se que é justa, toda forma de amar.