O Goyim e a comunidade judaica.

Havia um coroinha que ajudava nas missas da sua paróquia.

Por parte de sua mãe, frequentava o rito Franciscano da Irmandade dos frades capuchinhos, e, por parte do pai participava das missas gregorianas da Abadia das freiras Beneditinas.

Assim sendo, Católico praticante, levava a sério as suas obrigações religiosas, até conhecer sua namorada judia, da colônia Francesa.

Sua namorada, conforme os preceitos judaicos. Era judia por ser filha de mãe judia, em que pese seu pai ser descendente de Romenos protestantes.

Um casamento que não deu certo no seu quinquênio, vindo a se separarem e cada um constituiu nova família, sendo certo que a namorada ficou sob a guarda do pai, com quem se casou com uma filha de Árabes, cuja orientação religiosa fora a Maronita, razão pela qual a namorada fora batizada, reconhecida pela Religião Católica.

Assim sendo, embora ela não pudesse abdicar de ser judia, perante o Catolicismo era uma Cristã. Portanto, nada que a desabonasse perante a Cúria e o seu credo.

Entretanto, perante a colônia judaica francesa, ela continuava uma judia que deveria ter seu pretendente o judeu de bons costumes, e, jamais um Goyim, como de fato era o seu namorado.

Com a maioridade da jovem, ela optou pela companhia dos avós maternos, morando até o seu casamento com o gentio. Convivendo socialmente com seu padrasto por parte de sua mãe, e sua madrasta por porte de seu pai, viviam em harmonia, praticando os hábitos judaicos dos avós e do padrasto, nos Shabat Shalom, Rosh Hashaná e Yom Kippur, muito embora não fossem eles ortodoxos muito pelo contrário, frequentavam a Sinagoga Sefaraditas da CIP Congregação Israelita Paulista. Sinagoga esta que o Goyim acompanhava a sua namorada, passando pelo pente fina da portaria com muita tranquilidade em face da sua aparência típica de judeu, com seu chapéu e barba rabínica.

Certa ocasião, pelo funeral do padrasto da namorada, o gentio foi chamado para completar o numero de homens em oração e higienização do corpo do falecido, e perguntado se ele era Levi, não soube responder, e via de consequência foi excluído do cerimonial fúnebre.

Por ocasião do casamento dos noivos, celebrado na Igreja Imaculada Conceição, pelo frei Tomé, que por sinal era irmão de leite do noivo, igreja esta onde haviam cursado a preparação de casamento, compareceu toda a colônia francesa, para assistir o acontecimento suigeneris da ocasião. O celebrante conhecendo a história dos nubentes fez uma celebração voltada para o Antigo Testamento, atendendo os conhecimentos dos assistentes da Torá. Saindo todos muito satisfeitos e comentando até seus últimos dias de convivência com o fim da colônia pela morte dos seus integrantes. Um casamento que dura quarenta e nove anos, com três filhos e dois netos, continuam proliferando o judaísmo através dos seus filhos por serem de mãe judia, em que pese serem Cristão Batizados e professarem a crença Católica Apostólica Romana.

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 17/12/2018
Reeditado em 19/12/2018
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