Individualidades

É sabido que há pessoas que têm uma capacidade maior que as demais para determinadas coisas, e algumas chegam a ser geniais, a exemplo de Mozart, em relação à música, que aos cinco anos de idade já compunha sinfonias e executava com habilidade o piano e o violino. Poderíamos ainda citar o nosso Edson Arantes, o Pelé no futebol, e assim acontece nas mais variadas atividades. Minha cunhada tem uma enorme facilidade na memorização de nomes de pessoas, sejam elas famosas ou não. Tem igual capacidade para memorizar números de telefones, é uma verdadeira agenda ambulante.

Certo dia, em meio a uma consulta com uma cardiologista, a mesma (a cardiologista) necessitou falar com o esposo e não lembrou o número. Minha cunhada (correndo o risco de ser mal interpretada) de pronto informou o número do celular dele, só por haver visto o número uma única vez, em outra oportunidade.

Hoje, encontrei-me com um amigo – Vital é o nome dele – cuja capacidade de gravar fisionomias chega a ser absurda. Segundo ele (eu não lembro de nada) nos conhecemos quando eu namorava minha atual esposa, há uns sessenta e poucos anos, sendo ele, na ocasião, amigo do meu cunhado Edeny. Eu deveria ter uns dezessete anos. Depois daquela época, mudei de cidade e nunca mais nos vimos.

Voltando a Natal, decorrido todo este tempo, eu já com mais de setenta anos, nos reencontramos. Estávamos, eu e minha esposa num mercadinho quando alguém às minhas costas me bateu no ombro e falou:

- Garcia! Você por aqui! Por onde anda meu amigo Edeny? E “seu” Arthur e dona Julieta? Ainda estão vivos?

E continuou perguntando por todos da família. E eu, ali, bestificado, sem saber com quem estava falando. Hoje somos quase vizinhos e sempre que nos encontramos me surpreendo com a inacreditável memória que possui. Não é apenas de nossa família que guarda lembranças, ele conhece e relembra de fatos ocorridos com centenas de outras pessoas de nossa cidade.