Girassóis
É cedo, mal nos despedimos da primavera, mas anseio por colher girassóis, para te coroar, e enfeitar tua tenda, até que me convides a entrar, moldando os dias imperfeitos, assinando de próprio punho as palavras infinitas que compõem a história que resistiremos a dar o fim. É cedo, o sol ainda não dorme, e me vejo cair na doce tentação de te transformar em letras coloridas, para recordar que um dia atravessou meu deserto, e suas pegadas marcaram meu caminho.
Não conheço seu rosto, só posso imaginar, e é suficiente para me fazer alucinar, é a inspiração que me faz adormecer rapidamente nas noites agitadas. O timbre suave de sua voz me convida para sua prisão sem grades, e eu vou de encontro entrelaçando suas correntes em meus pés, fingindo ser hóspede, planejando habitar ali, apenas para estar em sua companhia, imprevisível como ondas, perigosa e inconstante. É cedo, e a porta nem se abriu, mas ela sabe desvendar os segredos que flutuam ao redor, e irá encontrar a chave certa, surgindo com seus olhos de fogo, enquanto aguardo ansiosamente.