Andando de metrô

Certo dia desafiei o Júnior um amigo a irmos ao centro da cidade de metrô, resolver algumas questões pessoais, rebatendo suas objeções, Falei: _Fique tranquilo vamos retornar antes do horário do pico, a volta vai ser suave.

Talvez para me contrariar e provar que não entendo nada do inesperado, chegamos ao metrô na estação Sé no pior horário do Rush, meu amigo me lançava olhares de reprovação, mas era tarde, nos jogaram dentro da composição como se fossemos gado a caminho do abatedouro.

Ficou difícil respirar, literalmente sentimos como uma sardinha se sente dentro da lata, não dava para se mover um centímetro, e para piorar o metrô se movia lentamente, por ser um dia chuvoso constantemente o maquinista informava: “Paramos para esperar movimentação composição à frente”.

Percebi que Júnior não estava passando bem, suava com muita palidez, comecei a ficar preocupado quando ele informou: _Estou mal, tenho síndrome de pânico e claustrofobia, posso surtar aqui e desmaiar.

A situação ficou complicada, informei que não tinha jeito teríamos que esperar chegar à próxima estação, e pedir a massa humana que nos deixasse sair, algo quase impossível porque na primeira parada mais gente entrou nos apertando ainda mais, ninguém ouviu meus pedidos de espaço para sair mesmo falando que havia alguém passando mal, não nos deram passagem e o trem seguiu seu trajeto.

Ficamos mais sufocados ainda, Júnior amarelo pálido suando diz:_ Não vou aguentar, vou surtar. –

Ao ver o sorriso irônico de um passageiro colado a nós, percebi que o passageiro tinha razão, falei: _ Você pode surtar, mas não vai conseguir nem se mexer, será um surtado sufocado. –

Outros passageiros riram, Júnior fala: _Não vou aguentar, vou desmaiar-.

Respondi: _ Se desmaiar não vai poder nem cair, será um desmaiado de pé. –

Júnior esboçou um sorriso, e o trem parou aguardando ordem para seguir, assim informou o maquinista pelos auto falantes, esta minha última fala despertou risos e solidariedade, um rapaz muito forte conseguiu mexer os braços apoiando Júnior, uma medida até desnecessária, pois mesmo que ele desmaiasse realmente não cairia, estávamos no meio da massa humana sem conseguir se mexer, este gesto deu tranquilidade ao meu amigo que se sentiu amparado o rapaz falou:_ Na próxima estação a gente dá um jeito, ele desce, nem que tenha que esvaziar o trem. –

E realmente aconteceu, quando o metrô parou na estação Braz muita gente desceu.

Com ajuda deste rapaz e outras pessoas conseguimos sair, várias pessoas se prontificaram a ajudar, mas Júnior agradeceu a todos, dizendo que já estava bem.

Respiramos aliviados e tomamos um táxi que também demorou uma hora e meia para chegar ao nosso destino. No táxi com ar condicionado Júnior nos sentimos bem melhor, ele me pede desculpas dizendo: _ Tô mal, vou procurar tratamento psicológico para entender esta minha síndrome de pânico e claustrofobia.

Sobre este tema junto com o taxista contamos piadas e anedotas, rimos bastante.

O tempo passou, ficamos um bom tempo se se ver.

Certo dia encontrei com o Júnior, fiquei contente em ver que está muito bem, equilibrado, feliz.

Relembramos a nossa aventura do metrô, ele fala:

_Vamos lá, vamos repetir a experiência! –

Exclamei: _ De jeito nenhum, tá maluco??

Ele rindo replica: _ Nada disso! Me tratei com um bom analista estou curado, vamos lá! você vai ver como estou bem, me curei!

Muito sério respondi: _Você pode ter se curado. –

Diante do seu olhar intrigado, rematei:

_Eu ainda não!

Risadas e mais risadas.