Apontamentos sobre educação II
Podem dizer o que quiser do Paulo Freire, mas nada do que digam irá denegrir a imagem de um dos maiores educadores do Brasil. O que ele fez não foi simplesmente teoria ou educação de gabinete.
A história, os números, os exemplos estão espalhados por aí, para quem quiser estudar, pesquisar, ler e se apropriar da forma/maneira/metodologia que ele se apropriava para alfabetizar todos e todas que necessitavam de enxergar a vida através da palavra.
Paulo Freire se fez educador pelo foco da sensibilidade em conceber que o cidadão e a cidadã do interior do nordeste brasileiro são como as sementes plantadas pelos agricultores todos os anos a espera da água da chuva. Qualquer gota que molhe a terra, o roçado já se estampa de verde!
Assim foi com aqueles e aquelas que ele se debruçou e foi poldando à luz da razão e da sensibilidade de despertar o sujeito autor do seu processo de ensino e aprendizagem.
Não é mito nem invenção, é fato concreto, a cidade de Angicos-RN que o diga.
A pedagogia do oprimido libertou o homem do seu estado de ignorância e o despertar para o prazer da leitura da palavra associado ao ato da leitura do mundo, porque o conhecimento liberta o homem dos seus processos de opressão.
A pedagogia do oprimido conduz à pedagogia da autonomia, uma dialogando com a outra para que os sujeitos da aprendizagem possam se construir e se perceberem interligados as várias áreas de conhecimentos.
Não são invenções ou surtos de consciência, é reconhecer a força da educação na vontade de quem deseja fazer algo pelo outro. Não conceber o sujeito da aprendizagem como elemento secundário, não, compreender que o processo é dialógico, dialogal, interativo e participativo. O conhecimento de mundo deve ser contexto para os novos saberes; a consciência do que se é dito precisa tornar o ato de aprendizagem crítico e reflexivo porque somos frutos de contextos sociais, estamos inseridos em realidades as quais afloram para ressignificar e transformar o objeto da aprendizagem(...)
Paulo Freire será sempre lembrando pelo fato de mostrar na práxis como devemos ensinar e aprender ao mesmo tempo, por isso que não tenho receio em afirmar que nada maculará a sua índole, o ser histórico que ele é, o seu legado como educador.
A maldade humana, o discurso de ódio até tenta, mas a primavera é/será sempre primavera, por mais que as queimadas tentem transformar o solo fértil em infertilidade.
Tenho dito.
Marcus Vinicius