Crônica

Poeta Antonio Agostinho

O livro Coração de Menino, o meu verdadeiro guia

Quase todos os dias eu me sentava no alpendre da casa do meu avô para ler Gustavo Barroso sobretudo o livro coração de menino. Livro que tocava na minha sensibilidade de criança pobre e órfã. Eu tinha um amor enorme por aquele livro de capa amarela e de pouco mais de duzentas páginas, no entanto um livro que tinha muito a ver com a minha vida de menino órfão e pobre. O nosso Gustavo Barroso falava da sua infância triste como a minha infância porque ele era também órfão de mãe e morava com duas tias como eu também fui criado por três moças velhas que passaram a me adotar como se eu fosse filho delas. Coração de Menino sempre estava comigo quando eu viajava sempre o punha dentro da bolsa para lê-lo quando eu o quisesse. A tia Marica dizia que eu ia virar o juízo com aquele livro triste que só falava de derrota e de orfandade. João do Norte foi meu companheiro por muito tampo porque o seu livro se assemelhava à minha vida triste de menino que não tinha mãe e muito menos pai porque o meu pai tinha casado e pouco ligava para mim ou não me via mais como filho desde quando perdi a minha mãe querida. Eu não tinha preguiça de ler Coração de Menino porque aquela leitura terna consolava a minha solidão de filho sem pai e mãe. João do Norte como eu perdeu a mãe quando tinha apenas dois anos e foi morar na rua Liberato Barroso com duas tias paternas e pouco via o seu genitor Felinto Barroso ex-militar do Exército. Até meus quarenta anos eu lia com muito amor o livro Coração de Menino que marcou para sempre a minha vida de poeta solitário.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 14/12/2018
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