NATAL DE COMPREENSÃO.
A palavra chave da ordem temporal é compreensão. Ela nos foi dada por Jesus de Nazaré no “amai ao próximo como a si mesmo”.
Não ama a si mesmo quem no próximo vê distância de ser seu semelhante. Se a você mesmo desdenha, se diminui, por não possuir, não saber, negativando parte de sua existência, já que você existe, se dizendo menor, o recalque desordenado de seu interior aflora e se dimensiona no próximo.
Um estado emocional visível lançando farpas da agressividade que frutificam em pensamentos e palavras. Falta compreensão de seus limites e acolhimento de suas fronteiras. No mundo deve vigorar a generosidade tecida em compreensão.
Faz algum tempo quando aqui comecei a externar nosso arquivo de registros, por diletantismo nas horas vazias de trabalho sério, uma leitora acessando e comentando em minha página, sob palavras positivas e identificando pelas matérias minhas atividades, disse: “mas você está se expondo”. Achei graça pela falta de avaliação adequada.
Ninguém se expõe mais do que aquele que julga institucionalmente e sob consulta em mediação situa direitos. Está no epicentro da discórdia, do desentendimento, da disputa, do desencontro, da ruptura de negócios, da dissipação da família, do abandono material de entes queridos, dos mais hediondos e primitivos atos dos seres humanos quando nas sendas do direito penal, e na quebra dos valores sociais que os representantes devem aos representados. Diz o que é o direito, o que é certo ou errado, é o destinatário das convulsões humanas, e as evita cautelarmente quando ameaçados direitos, ou os repara se já violados, restaurando e tornando-os à higidez. Há vencedores e vencidos sempre, com repercussão de vulto. Já neste espaço, opiniões se restringem a um recreio de participantes, que traz amizade e prazer, sem, contudo, reflexos de importância maior.
Precisa-se compreensão para compreender e assim fazer compreender nessas questões maiores que não se comparam aos convívios humanos curriculares.
Na vida em geral, enfim, importa ser útil. É essa a compreensão da largueza das intempéries humanas, e elas estão ao alcance de todos, basta que entendamos nossa destinação,cada qual na sua missão, bastando não pretender difundir o que não se sabe, arguir o desconhecido, arbitrar enganos sobre o que já está sedimentado no conhecimento assentado, não incentivar o “quanto pior melhor”, não vestir de importância fatos menores que se agigantam para os inscientes, não promover o enfrentamento desnecessário.
Esse é o meio de ser baliza do que presta, diverso do que se vê nos tribunais, o arremedo de personalidades difíceis que se encontram onde se fundem a injúria, a calúnia, o impropério da difamação, do aproveitamento das facilidades, a incapacidade de filtrar pensamentos que constroem e edificam, ao revés espalhando na palha seca das mentes desavindas as labaredas do desentendimento que ganha corpo nas chamas da desrazão.
Deixar de ser simulacro de outras investiduras pensadas e inexistentes impende, a paródia do “ter sido”. Ser um combatente sem armas em guerras que não existem, inerme de tudo, encetar a carreira da ficção em mundo de infantilidades prejudiciais. Nada melhor do que festejar o que somos sendo, obtendo desse cenário a saciedade pessoal, sem favores ou por obséquio de enganosos posicionamentos.
Que o Menino Jesus possa iluminar um pouco mais essas inclinações que desfavorecem a estrada da vida.
Que seja um Natal de Compreensão abrindo as portas de um Ano Novo melhor.