No caminho da vida!
Um piso falso. Era isso o tempo todo e eu não sabia. Descobri caindo. Parecia tão firme. Sempre andei por aquela área. Sim, com muito medo e insegurança. Mas eu tinha minhas estratégias para não cair.
Sempre tive medo de cair. Acho que esse é o maior problema. Quem vai me levantar? Eu não posso cair. Vão rir de mim e pior, podem me chutar. Me torturar! E todo dia é isso que tenho na cabeça.
Levanto da cama cuidadosamente. Sinto o chão firme e dou um passo de cada vez. Se vejo uma fresta ou qualquer evidência de que não tá seguro, eu paro, olho onde estou e tento seguir o caminho mais seguro. E quanto não tem caminho seguro? Eu dou um salto e passo por cima. O problema é que encontro no caminho muitos buracos. Alguns mais difíceis do que outros.
Pra quê viver uma vida cheia de buracos, penso eu. Isso é muito errado, meu Deus! Se for assim prefiro não viver. Se já pensei em suicídio? Não sejamos tolos. Acredito que todos nós já pensamos em algum momento em cessar o sofrimento de alguem. E comigo não é diferente. Mas o que me motiva a prosseguir? As vitórias que conquisto! Por isso o suicídio é um assunto vencido.
Agora o que eu quero saber é como conquistar estas vitórias, sem necessariamente cair em buracos, mergulhar em crateras emocionais, enfrentar monstros, encarar pessoas com intenções ruins...
É aí que começo a elaborar meticulosamente cada detalhe da minha vida. Parece engraçado, mas minha vida está seguindo um planejamento desde o ano de 2011, quando eu soube o que eu queria fazer da minha vida, indo contra o que queria minha mãe. E se quer saber, o planejamento vai sendo seguido muito bem, obrigado.
O planejamento em si não ruim, mas os motivos para eles não são bons. Sou fraco e preciso ser calculista, pensar em cada passo que dou para evitar tropeçar e cair nos buracos que tem no meu caminho. Mas essa fixação me piora. Para tudo sair conforme o planejado preciso me esforçar para garantir que tudo ocorra bem. E quando não consigo, fico tenso, nervoso e acabo sofrendo com crises de ansiedade.
Foi em um desses momentos, precisamente no exato momento que escrevo isso, que tive essa epifania e me derramei aos prantos. Eu que sempre planejei cada passo para desviar dos problemas no final cai foi em buraco. Um buraco diferente e profundo. Eu não tive muito momentos felizes por isso. Vivendo em caixas quadradas, dentro de um padrãozinho para ficar encaixado confortavelmente em um canto.
Acontece que essa caixa é fria, escura, apertada, triste, gélida... a respiração começa a falhar, o coração bate freneticamente, a transpiração aumenta, as palavras já não saem mais equilibradas e eu me sinto só e não consigo dar mais nenhum passo, nem mesmo penso. É aí que eu choro!!! Essa é a sensação das minhas crises. É horrível! Desviei de um buraco e cai em outro.
Alguns dizem pra fica calmo e relaxar. Mas não é fácil. Não é só fechar os olhos e estalar os dedos que depois volto ao normal. Nem eu sei ainda como melhorar. Estou tentando me restabelecer aos poucos. Enxugando as lágrimas e tentando sobreviver.
De uma coisa eu sei: não vou poder prosseguir sozinho. Preciso estar acompanhado de amigos. Os buracos sempre vão existir. Só temos que estar acompanhado do lado de amigos para que eles me ajudem a me levantar e seguir caminhando. Firmes e fortes!