O MEU PESADELO
Nesta noite em meu pesadelo usual um cara apareceu, terno, gravata e uma maleta na mão. Olhou para mim e disse:
- Meu camarada, eu te acompanho pelas redes sociais.- Sentou ao meu lado enquanto uma nuvem negra cobria a linda paisagem de cores, flores e sons pinkfloydiano do meu sonho.
O cara enfiou a mão no bolso do paletó e retirou um maço de cigarros do mais caro, acendeu a me ofereceu um; recusei e disse:
-Disso eu não preciso mais, já me libertei dessas materialidades inúteis.-
O cara sugou longamente o cigarro e soltou uma baforada e me disse:
-Garoto, você tem futuro, você vai longe, mas suas ideias são perigosas demais para o projeto dos aristocratas, eu posso te dar uma vida boa apenas para vc ficar calado.- Nisso em meio as nuvens negras iniciou-se uma trovoada com relâmpagos e uma densa e angustiante chuva começou a desabar; o cara abriu um grande guarda chuva e disse:
-Venha abrigue-se aqui comigo, essa chuva é ácida e vai te corroer.-
Na chuva eu olhei para mim mesmo e me vi íntegro, fiz um sinal com a cabeça mostrando que não aceitava a proposta e me fui enquanto as negras nuvens se abriam, um glorioso sol refulgia, as cores, as flores e o som vibrantemente melodioso se sobrepunha aos grunhidos do engravatado que se dissolvia num nevoa negra consumido pela luz.